Lista suja do trabalho escravo tem 136 nomes novos
Documento tem 504 que mantêm empregados em situação análoga à servidão; número recorde

Rio de Janeiro.O governo publicou na noite de sexta-feira a nova versão semestral da “lista suja” do trabalho escravo com a inclusão de 136 nomes de proprietários e empresas, além da reinclusão de seis nomes ao documento por decisão judicial. O governo também retirou do documento 26 nomes. Assim, figuram na lista 504 empresas e pessoas que mantêm seus funcionários em situação análoga à de trabalho escravo, seja por servidão por dívida, seja por trabalho degradante. Este número, segundo especialistas no assunto, é recorde.
De acordo com a nota publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), das novas inclusões deste semestre, 61 empregadores estão ligados à pecuária, 14 à produção de carvão e nove à extração de madeira. Na divisão geográfica, aparece com destaque o estado do Pará, onde foram localizados 46 novos casos. Na sequência, vêm Minas Gerais (19 novos casos) e Tocantins (13 novas notificações).
As 26 exclusões da lista registradas neste semestre foram motivadas, segundo o MTE, por cumprimento a requisitos administrativos. Os nomes são mantidos na lista por dois anos e, caso o empregador não volte a cometer o delito e pague todas as multas, o registro é excluído da lista, informa a pasta.
A Organização Não Governamental Repórter Brasil, que acompanha o trabalho escravo no país, fez uma análise dos novos incluídos na lista e constatou que há oito políticos entre os 142 nomes. Três deles contam com projeção nacional: os deputados federais João Lyra (PSD-AL, por meio da empresa Laginha Agroindustrial), Urzeni Rocha (PSDB-RR) e Antonio Cabrera, ex-ministro da Agricultura de Collor. Os outros políticos, segundo a ONG, são prefeitos, vice-prefeitos e secretários de governo.
A divulgação ocorreu um dia após a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovar a PEC do Trabalho Escravo, que determina a expropriação das propriedades. Mas isso só está andando porque, junto com a PEC, há a tramitação de um projeto que quer rever o conceito de trabalho escravo, o que pode ser um retrocesso, informou Daniel Santini, da ONG.
Fonte: O TEMPO