Pesquisa mostra que médicos e dentistas são os profissionais que têm a melhor renda

04 de Julho de 2013
por: Antonio Timóteo

Brasília – Estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou quais são as carreiras com melhores índices de desempenho trabalhista e que oferecem boas remunerações no mercado. Os médicos estão em primeiro lugar nesse ranking e têm, em média, os maiores salários (R$ 6.940,12) e taxas de ocupação (91,81%) (veja quadro). Mesmo com os melhores indicadores, essa categoria também acumula a maior escassez de mão de obra. E para tentar equalizar esse problema o Executivo pretende importar profissionais do exterior e a questão está gerando manifestações da categoria por todo o país.

Para fazer o ranking, os técnicos do instituto criaram uma fórmula matemática que avalia os salários pagos, as horas trabalhadas, a taxa de ocupação e a cobertura previdenciária de cada profissão. A segunda categoria mais bem avaliada pelo Ipea também é do setor de saúde: odontologia. Os dentistas têm um salário médio de R$ 4.238,65, trabalham 37,46 horas por semana, têm 89,96% das vagas disponíveis preenchidas e 78,63% deles fazem contribuições previdenciárias.

Em seguida estão as carreiras de engenharia civil, mecânica e metalúrgica, além de serviços de transporte. Na avaliação do ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e presidente do Ipea, Marcelo Neri, o ranking é um instrumento que auxiliará os jovens a escolher a carreira. Para ele, esse estudo também subsidiará gestores públicos e o setor privado de educação a definir a oferta de cursos.

Segundo Neri, o Brasil vive um “bom problema” de falta de profissionais. “É melhor do que a crise de desemprego. A gravidade é que para formar pessoas demora um certo tempo”, comentou. Neri não fugiu da polêmica sobre a contratação de médicos estrangeiros. Entretanto ele ressaltou que a pesquisa teve início antes da presidente Dilma Rousseff propor a importação desses profissionais de outros países, sem o intuito de corroborar o projeto do governo.

Ele indicou, porém, que a atração de “talentos” do exterior pode ser interessante desde que se tome o cuidado de buscar pessoas com qualidade técnica, sem desrespeitar os direitos dos médicos brasileiros. O estudo do Ipea também indicou que a área que mais gerou postos de trabalho de nível técnico nos últimos três anos foi a saúde. Entre janeiro de 2009 e dezembro de 2012 houve contratação líquida de quase 100 mil técnicos da saúde humana, período em que foram criadas 402.490 vagas formais. Outras profissões que registraram um crescimento no nível de contratação no mesmo período foram os técnicos em eletroeletrônica e em operações comerciais (mais de 40 mil vagas cada) e os técnicos com formação administrativa e em educação infantil (mais de 20 mil postos).

Na avaliação do economista-chefe da Opus Investimento, José Márcio Camargo, a deficiência na formação básica dos jovens brasileiros prejudica todo o processo de formação profissional. Segundo ele, o governo investe sete vezes mais em um aluno que cursa uma faculdade do que em um estudante do ensino fundamental. Para piorar, Camargo destaca que o sistema educacional vive dois extremos. De um lado as famílias de classe média e as ricas podem pagar pela educação privada de qualidade. Do outro, os pais são obrigados a matricular os filhos em colégios ruins. Para ele, o crescimento do Brasil está atrelado ao investimento em capital físico e humano.

 

Fonte: Estado de Minas

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