Despesa do governo supera a inflação e passa de R$ 1 trilhão

15 de Julho de 2013

Brasília. As despesas do governo tiveram aumento real de 6,6% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2012. Os desembolsos romperam a barreira do trilhão, atingindo R$ 1,01 trilhão. É o que mostra levantamento da organização não governamental Contas Abertas com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

 

 


A evolução das despesas mostra que o governo terá dificuldade em concretizar o corte de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões, cujo anúncio é prometido para esta semana. A ordem é preservar investimentos e programas sociais e apontar a tesoura para gastos de custeio da máquina pública. Na prática, os investimentos estão estagnados, enquanto as demais despesas sobem.

Os gastos com investimento somaram R$ 20,5 bilhões no primeiro semestre, ante R$ 20,3 bilhões em igual período de 2012, um avanço de apenas 1% acima da inflação. Em comparação com 2010, o ano do “pibão” de 7,5%, os investimentos estão 12,7% menores.

Investimentos. Dos R$ 90,2 bilhões disponíveis para investir, apenas R$ 19 bilhões haviam cumprido, até junho, a primeira etapa do processo de gasto, o empenho, que consiste em reservar a verba para pagar um contrato específico. Apenas R$ 3,7 bilhões foram pagos, ou seja, foram desembolsados mediante a entrega de um bem ou serviço.

Minha Casa. O programa habitacional é um dos fatores que puxam as despesas para cima. O levantamento mostra um crescimento real de 25,3% nas despesas com inversões financeiras, que é onde ele contabiliza os subsídios à aquisição da casa própria pela população de baixa renda. Essa conta atingiu R$ 29,6 bilhões, ante R$ 23,7 bilhões na primeira metade de 2012.

Os gastos crescem também puxados pelos efeitos do aumento do salário mínimo, aponta o secretário-geral da Contas Abertas, Castello Branco. Ele influencia os gastos com aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais a idosos e deficientes físicos de baixa renda.

Contenção. Há, assim, um conjunto de despesas que já estão contratadas e não há como impedir seu crescimento. É por essa razão que o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, calcula que os gastos federais vão crescer neste ano, mesmo se houver um corte de R$ 25 bilhões, como chegou a defender a equipe econômica.

Ele acredita que o ajuste a ser anunciado nos próximos dias será calcado na reestimativa, para baixo, de alguns itens de despesa. E, ao contrário do discurso oficial, haverá contenção de investimentos. “A verdade é que o governo nunca consegue fazer, nem de longe, os investimentos orçados.”

A evolução dos gastos de pessoal, que aumentaram apenas 0,3% em termos reais neste ano, mostra que há pouco espaço para cortes adicionais na rubrica.

 
 
Fonte: O TEMPO
 

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