Cepal reduz pela 2ª vez no ano a projeção de alta do PIB do Brasil

25 de Julho de 2013
por: Rosana Hessel

 

 
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) reduziu pela segunda vez no ano a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A previsão para 2013 passou de 3% para 2,5%, em linha com o corte feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que no início de julho alterou de 3% para 2,5% a expectativa de expansão do PIB nacional. Esse dado também está próximo das estimativas do mercado, de 2,28%, mas abaixo dos 3% previstos pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff e que foram revisados esta semana.


O prolongamento da crise econômica na Europa e as expectativas de mudanças na política monetária dos Estados Unidos são alguns dos fatores que pesaram nessa revisão para baixo da entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Juntamente com o México, que teve a projeção reduzida pela Cepal de 3,5% para 2,8%, o Brasil foi um dos principais responsáveis pelo corte da entidade na expectativa de expansão da América Latina. No caso brasileiro, a menor expansão da indústria, o consumo das famílias mais contido e a queda do saldo da balança comercial são alguns dos motivos que influenciaram o ajuste. “A desaceleração mundial tem impactado diretamente nas exportações líquidas da região e atrapalhando o avanço da economia. A retomada do PIB brasileiro em relação ao de 2012 poderia ser maior, se não fosse a queda nas exportações”, explicou a secretária-geral da Cepal, Alicia Bárcena. Para ela, o grande desafio da região será a continuidade do crescimento junto com a redução da desigualdade.

O economista Flávio Serrano, do banco BES Investimento é bem mais pessimista que a Cepal e reconhece que as perspectivas para o crescimento em 2013 “não são das melhores”. Ele estima que o PIB brasileiro terá uma expansão de 2,3% neste ano, “mas com um grande viés de baixa”. “A depender do resultado do segundo trimestre e do comportamento da atividade em julho e agosto (os dados preliminares são muito fracos e os antecedentes para agosto também estão ruins), poderemos observar um PIB abaixo de 2% este ano”, afirmou.

Vizinhos

Em meio a um cenário pouco animador, a previsão da Cepal para este ano de expansão do PIB dos 33 países da América Latina e do Caribe passou de 3,5% para 3%. Com isso, a região vai registrar, na melhor das hipóteses, a mesma taxa de crescimento de 2012. Uma das exceções foi o Paraguai, cuja projeção subiu de 10% para 12,5%, a maior taxa crescimento da região, em função da melhoria nas perspectivas em relação à produção agrícola do país vizinho. A projeção do PIB da Argentina foi mantida em 3,5% e a do Uruguai ficou estável em 3,8%. A do Chile passou de 5% para 4,6%. A Venezuela teve uma das reduções mais expressivas, de um ponto percentual, para 1%. Esses dados fazem parte do Estudo Econômico da América Latina e Caribe 2013, intitulado “Três décadas de crescimento desigual e instável”, principal relatório anual da Cepal e que foi divulgado ontem. Em abril, a Comissão tinha reduzido de 3,8% para 3,5% a expectativa de crescimento PIB da região. A projeção anterior tinha sido feita em dezembro de 2012. Na época, a estimativa para o Brasil ficou abaixo desse nível e foi cortada de 4% para 3%.

“Uma das razões dessa redução nas projeções da região é o aumento do déficit em conta corrente e os problemas fiscais no México e dos países da América do Sul”, explicou Alicia durante a apresentação do estudo em Santiago do Chile. O saldo na conta-corrente da região saltou de US$ 75,2 bilhões para US$ 101,9 bilhões e o Brasil respondeu por praticamente a metade desse montante: US$ 54,2 bilhões.

EUA reagem alertam investidores

Deco Bancillon

Brasília – Sinais aparentes de retomada da maior economia do mundo, os Estados Unidos, provocaram ontem uma onda de alta do dólar sobre as moedas de países emergentes, entre elas o real. Entre investidores, a avaliação é de que os novos dados sobre a recuperação econômica norte-americana sejam o pontapé inicial para a reversão dos estímulos adotados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central daquele país), o que, na prática, poderá desencadear um movimento de alta das taxas de juros no mundo. Ainda na manhã de ontem, a divulgação de que as vendas de casas novas nos EUA aumentaram 8,3% em junho ante maio, atingindo o maior volume desde meados de 2008, fizeram o mercado reagir com nervosismo. 

Em parte pessimistas porque números positivos podem indicar uma guinada na política do Fed, investidores passaram a retirar dinheiro das bolsas. O índice Dow Jones, de Nova York, fechou em baixa de 0,16%, acompanhado pela Bolsa de Valores de São Paulo, que registrou perdas de 0,91%. A queda se deveu a mais um dia de nervosismo com papéis do grupo X, do empresário Eike Batista. A maior perda foi registrada nos papéis da mineradora MMX, que despencaram 9,58%. Já as ações da telefônica Oi, que chegaram a cair mais de 6% ao longo do dia, fecharam em alta de 7,16% e 4,63%, respectivamente, para os papéis ordinários (com direito a voto) e preferenciais.

 

Fonte: Estado de Minas

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