Inflação ditará rumos de 2014
12 de Agosto de 2013
por: Deco Bancillon e Victor Martins
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Alimentos preocuparam como item dominante no IPCA até o freio nos preços observado no mês passado |
A inflação oficial caminha, a médio prazo, para convergir no teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 6,5% ao ano. Se isso ocorrer, de acordo com previsões de analistas do mercado financeiro, será a partir do segundo semestre do ano que vem, justamente quando os candidatos à corrida eleitoral estarão na reta final de campanha. Para amenizar essa alta, o BC já começou a elevar os juros básicos da economia, numa tentativa de esfriar o consumo das famílias e, com isso, trazer os preços para baixo. Em apenas quatro meses, a taxa de referência dos empréstimos bancários, a Selic, já foi elevada em 1,25 ponto percentual, para 8,5% ao ano.
Na avaliação de economistas ouvidos pelo Estado de Minas, esse é apenas o início de um novo ciclo de altas da taxa. Até o fim de 2013, a previsão é de que os juros cheguem a 9,25% ao ano. E, em 2014, quando Dilma e os seus principais adversários políticos estarão percorrendo o país em busca de votos, a taxa poderá bater na casa dos 11% ao ano. Embora amargo, o remédio é defendido até mesmo internamente dentro do governo.
Ao EM, duas graduadas fontes da equipe econômica disseram que o presidente do BC, Alexandre Tombini, ganhou da presidente Dilma Rousseff autorização para elevar a Selic até onde for necessário. A avaliação é de que a taxa, hoje em 8,5% ao ano, ainda está abaixo do que seria considerado o juro neutro, ou seja, o percentual que permitiria a economia crescer dentro do potencial sem pressionar a inflação. “O nível atual ainda pode ser considerado de política monetária expansionista”, ponderou uma das fontes, que prefere se manter no anonimato.
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Há ainda um objetivo ainda mais prático, o de reverter o baixo crescimento da economia. Nos dois primeiros anos da gestão de Dilma Rousseff, o Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto da produção de bens e serviços no país, acumulou alta média de 1,8% — pior desempenho desde o governo Collor, entre 1990 e 1992. Para este ano, a avaliação de grandes instituições financeiras, como Itaú Unibanco, é a de que a expansão será de, no máximo, 2,1%.
Atrás de confiança
Para 2014, há projeções de analistas de bancos e empresas de consultoria, até o momento, indicando crescimento modesto, de 1,7%, da economia. “Cabe ao governo tentar reverter essa situação o mais rápido possível, porque, se o PIB continuar se deteriorando, a tendência é que esses resultados reflitam também nas urnas”, assinalou o economista-chefe da empresa de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini. Na avaliação do estrategista-chefe para o Brasil do banco japonês Mizuho, um dos três maiores conglomerados financeiros do Japão, Luciano Rostagno, mais importante que o PIB, o que vai determinar o voto dos eleitores em 2014 será o emprego.
“Depois de vários anos em que o mercado de trabalho esteve muito aquecido, a gente já começa a enxergar sinais de que as empresas vão começar a demitir”, afirma. Conforme projeção do banco espanhol Santander, o desemprego, que chegou a ser de apenas 4,6% da população economicamente ativa (o conjunto de empregados e desempregados) em 2012, poderá alcançar 6,5% dos trabalhadores já no ano que vem.
A assessores, a presidente Dilma Rousseff já avisou quer evitar disputas internas, sobretudo entre os integrantes da equipe econômica. A ordem, agora, é promover uma reaproximação com o setor privado, impedir uma piora do custo de vida, fortalecer a política fiscal e acabar com qualquer dúvida que paire sobre a condução da economia. Na semana passada, durante mais de duas horas, o ministro Mantega esteve reunido com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Na conversa, falaram basicamente sobre confiança do empresariado. (VM e DB).
Fonte: Correio Braziliense