Apertem os gastos porque a estabilidade começa a sumir
As projeções econômicas já não são mais as mesmas do início do ano. Elas estão mais pessimistas e indicam que é hora de apertar os gastos. Em janeiro, a pesquisa de mercado Focus, do Banco Central, estimava que 2013 terminaria com uma inflação de 5,49%, o dólar em R$ 2,08 e um crescimento de 3,26% no Produto Interno Bruto (PIB). Oito meses depois, as expectativas mudaram todas para pior.
Segundo o professor de economia da faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gustavo Scoralick, ao que tudo indica, o Brasil está caminhando para uma crise. “Se o dólar aumenta, os custos do empresário sobem e ele tem que repassar para alguém. Os salários são congelados e o poder de compra não acompanha o aumento dos preços, o desemprego pode subir. Sobra menos dinheiro para investir e o único jeito de multiplicar o dinheiro, é gastar menos”, afirma Scoralick.
Muitos tentam, mas são poucos os que conseguem frear o consumo e poupar. A reportagem de O TEMPO abordou três pessoas na rua e aplicou um teste desenvolvido pelo site meubolsoemdia.com.br, da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Todas confessaram que já tentaram poupar, mas não conseguem.
Um deles é o operador de pá carregadeira Clério Ricardo, 42. Ele conta que já começou a conscientizar os filhos, para gastarem menos. “Eu falo para não tomar banho tão quente e para não desperdiçar comida”.
A entrevista foi dada na saída de um shopping na região metropolitana de Belo Horizonte. Nas mãos, Clério levava uma sacola. “Eu posso explicar, é que o vendedor disse que era promoção e, se eu não levasse agora, iria acabar. Foi R$ 29,90”.
Mesmo não resistindo a pequenos gastos, Clério tenta manter uma reserva. E foi isso que o salvou de um recente imprevisto. “Meu filho de 2 anos colocou fogo na sala, queimou sofá e televisão. Ainda bem que eu tinha um dinheiro guardado”, conta. Não houve feridos.
O consultor financeiro Carlos Eduardo Costa afirma que o momento é de conter os gastos. “Poupar é importante em qualquer momento, mas, em situação de crise, é ainda mais, pois eventualidades são mais prováveis, o desemprego pode subir”, afirma.
De acordo com Costa, o ideal é manter uma reserva equivalente a no mínimo dois meses de gastos. “Se a pessoa tem despesas de R$ 2.000 por mês, precisa manter no mínimo R$ 4.000. Em caso de demissão, ela terá dois meses para se organizar, sem passar apuros”.
Segundo Costa, as empresas também têm ficado mais conscientes da importância de ajudar o funcionário a colocar o bolso na linha. “Estou desenvolvendo um programa para o banco Mercantil do Brasil, com dicas de orçamento. São 20 vagas para receber consultoria e tivemos 200 inscrições”. O banco mantém um espaço virtual dentro do site, voltado para esclarecer dúvidas de finanças pessoais.
Fonte: O TEMPO