Geração de empregos no país recua 25,9% no 1º semestre

24 de Julho de 2012 às 09:25
por: Pedro Rocha Franco

A onda que assola a economia brasileira fez com que a formação de vagas no mercado de trabalho tivesse desaceleração de 25,9% no primeiro semestre do ano no país, tendo criado 1,04 milhão de postos ante 1,41 milhão no mesmo período do ano passado. Em Minas, os efeitos são um pouco menos avassaladores para as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Num ritmo mais acanhado, o saldo de vagas formais nos seis primeiros meses desacelerou 14,52%. Em junho, o estado teve o menor resultado para a conta de admissões por demissões desde 2003. Em contrapartida, é a primeira vez no ano que Minas tem melhor resultado sobre São Paulo e se sagrou campeão de contratações. Foram 38,4 mil novos postos formais no mês passado contra 25,1 mil vagas no estado vizinho. No acumulado do ano, no entanto, os paulistas criaram 83,73% mais empregos que os mineiros. Ao todo, foram 294,5 mil ante 160,3 mil em Minas.

 

Cali Isabel conseguiu emprego numa loja de roupa: comércio em alta ( Beto Magalhaes/EM/D.A Press)  
Cali Isabel conseguiu emprego numa loja de roupa: comércio em alta


O interior do estado é o principal responsável para que o saldo de vagas no mês passado em Minas tenha se mantido em patamar pouco mais otimista que o do restante do país. Enquanto na Grande BH a variação de vagas criadas cresceu apenas 0,06% no comparativo entre junho e maio, o que significa que foram feitas 1,04 mil admissões a mais que demissões, no interior do estado o aumento foi de 1,47%, com saldo de 37,4 mil vagas. Na média nacional, a variação foi de somente 0,32%. A variação positiva no interior se deve principalmente à criação de empregos no setor agropecuário, responsável por 31 mil, o que significa crescimento de 10,03% do mercado de trabalho.

O resultado ruim da região metropolitana fez com que o estado tivesse o menor saldo de vagas da última década para junho. Até mesmo em 2009, ano da crise econômica nos Estados Unidos, o total de postos criados foi 18,48% maior. No entanto, o volume de vagas criadas no primeiro semestre é quase duas vezes maior que o mesmo período de 2009. Nesse ano, foram 160,3 mil ante 80,4 mil há três anos. O coordenador do curso de economia da Faculdade Newton Paiva, Adriano Porto, afirma que o ritmo de crescimento do mercado de trabalho afeta diretamente as compras natalinas e que, caso o pé no freio se mantenha nos próximos meses, podemos ter um Papai Noel magro. “Quando o mercado de trabalho não está crescendo, é sinal que o Natal pode não ter a mesma pujança de anos anteriores”, afirma Porto.

Em contrapartida, ele afirma que acredita na reação de alguns setores da indústria no segundo semestre, como o automotivo, que, com a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), retomou as vendas e reduziu estoques, criando possibilidades de contratação nos próximos meses. Além disso, ele destaca o setor agropecuário e diz que o dinamismo da economia contribui para essa reação, não podendo o estado ficar dependente apenas de uma cadeia.

Em junho, além do setor agropecuário, o comércio também contribuiu para o aumento de vagas, tendo criado 2,19 mil vagas em Minas. A jovem Cali Isabel, de 24 anos, é uma das que ingressaram. Pela terceira vez, ela conseguiu uma oportunidade em um shopping center. Mesmo tendo que encarar a rotina desgastante do setor, ela vislumbra a possibilidade de crescimento numa loja de roupa feminina. “Já trabalhei no comércio outras vezes. Se tiver visão, consegue crescer”, afirma Cali.

 

Fonte: Estado de Minas

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