BHTrans põe exército de "espiões" nas ruas e intriga motoristas

26 de Julho de 2012 às 12:41
por: KARINA ALVES

 

 
 
FOTO: LEO FONTES
Objetivo, segundo empresa, é saber como áreas de estacionamento são usadas
LEO FONTES
Objetivo, segundo empresa, é saber como áreas de estacionamento são usadas
 

Proibida desde 2009 pela Justiça de multar motoristas infratores, para muitos condutores a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) tem colaborado de forma indireta para as autuações feitas pela Guarda Municipal e também pela Polícia Militar. Em locais controlados pelo sistema de estacionamento rotativo, jovens com coletes e bonés amarelos com a identificação da BHTrans têm sido vistos diariamente anotando placas dos veículos e checando se os carros têm as folhas do rotativo.
Quando questionados por motoristas, os "amarelinhos", como estão sendo chamados, alegam que se trata de uma pesquisa, mas não informam de maneira precisa a finalidade do levantamento.
Na manhã de ontem, a reportagem de O TEMPO acompanhou, por cerca de duas horas, o trabalho de um deles na avenida Álvares Cabral, na região Centro-Sul da capital. Apressado, o rapaz de colete amarelo passou por diversas vezes no mesmo quarteirão, conferindo placas e talões de todos os veículos. Abordado, ele resistiu em dar informações e afirmou apenas que foi escalado para fazer uma pesquisa sobre o uso do rotativo.
Assim que viu o rapaz, o comerciante Daniel Francisco, 53, apressou-se em colocar uma folha do rotativo no carro. "Eles passam anotando e,,mais tarde ou no dia seguinte, vem o pessoal da Guarda Municipal e aplica multa em todo mundo. Chegam de surpresa para pegar a gente. Já fui multado três vezes", disse. O comerciante garante que já presenciou uma situação em que um dos rapazes indicou a um guarda os carros que estavam sem talão.
A falta de clareza sobre o objetivo do serviço também deixa apreensiva Patrícia Lima, 55, funcionária de uma locadora de carros. "Falam que é pesquisa, mas sobre o quê? Onde usam essa pesquisa?", questionou.
O guardador de carros Alexandre Santos, 38, trabalha na avenida Álvares Cabral há mais de 15 anos e disse que a presença dos garotos da BHTrans tem sido cada vez mais frequente. "A impressão que tenho é que eles usam esse levantamento para identificar os motoristas que ficam o dia todo parados em vagas que são rotativas, porque, depois, a guarda vem e multa todo mundo que está irregular".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a BHTrans negou que o objetivo do trabalho seja denunciar os motoristas infratores. Segundo a empresa, a intenção é avaliar os locais onde o estacionamento rotativo tem funcionado e aqueles que precisam de mudanças.

 
Vulneráveis
Engenheiro diz que falta treinamento
 
Para o engenheiro de trânsito Márcio José de Aguiar, falta treinamento aos pesquisadores da BHTrans, e isso acaba comprometendo a segurança deles. "Já presenciei uma situação em que o motorista quis agredir o garoto, achando que ele estava anotando a placa para aplicar multas. Eles (jovens) deveriam ter orientação melhor para informarem aos motoristas sobre a finalidade das pesquisas".
Ontem pela manhã, o técnico Marcone Gomes, 33, parou o carro na avenida Álvares Cabral, no centro, para que a mulher dele levasse a filha ao médico. Durante a consulta, ele preferiu ficar perto do carro, observando se não seria multado.
"A BHTrans tem mesmo que pesquisar sobre como é feito o uso das vagas, mas deviam informar melhor a população sobre o que estão pesquisando". A assessoria da empresa informou que vai reforçar a orientação aos jovens. (KA)
Fonte: O TEMPO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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