Minas pode ter Samu para usuários de drogas
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Viciados em crack seriam os principais alvos do Samu-AD, sigla referente a álcool e drogas |
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Minas analisa a possibilidade de criar no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) uma equipe especializada no atendimento a usuários de droga em situação de crise. A medida foi sugerida por membros do Comitê de Cooperação Institucional e Acompanhamento de Medidas Compulsórias e Involuntárias, formado por representantes do governo estadual, do Ministério Público (MP), da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de organizações do terceiro setor. Hoje, de acordo com a SES, o Samu só atende usuários de drogas em surto psicótico.
A equipe se chamaria Samu-AD, sigla referente a álcool e drogas, e seria criada em fase experimental no quadro no Samu de Belo Horizonte. A medida foi debatida na última reunião do comitê, realizada terça-feira. A SES se comprometeu a ponderar a sugestão e apresentar um estudo no próximo encontro do grupo, agendado para 7 de agosto. “Vamos avaliar os dados estatísticos já solicitados à coordenação do Samu BH, analisar tecnicamente a capacidade do serviço prestado e a viabilidade de se ampliar esse serviço”, afirmou a SES, por meio de nota oficial.
O comitê não chegou a estabelecer qual seria a estrutura do Samu-AD. “Acrescentaríamos algum profissional que o Samu ainda não possui? Criaríamos um serviço novo? Isso tudo tem uma escala de possibilidades”, observa o subsecretário. A SES alega, em nota oficial, que já atende usuários de droga em crise. Benevides concorda: “À primeira vista, o Samu cumpre bem a sua função. É um serviço universal, atende todas as demandas”.
Carência
A equipe específica de álcool e drogas supriria uma carência do Samu, na avaliação de Robert William, presidente da ONG Defesa Social, integrante do comitê. “Hoje, os profissionais não dispõem de capacitação para atendimento a dependentes químicos, principalmente de crack. A unidade precisa ter gente capaz de avaliar o paciente e medicá-lo, se necessário”, argumenta.
A proposta é “interessante”, na avaliação do promotor de Justiça de Defesa da Saúde da capital, Bruno Alexander Vieira Soares, membro do comitê. “O Samu deve ter profissionais especializados no atendimento a dependentes químicos, é um público diferenciado”, justifica. No entanto, a criação de uma equipe exclusiva para esse tipo de paciente talvez não seja necessária, ressalva. “Pode ser que habilitar as equipes já existentes seja suficiente”, considera.