Reclamação contra empresas cresce mais que as vendas

31 de Julho de 2012 às 08:46

Com mais dinheiro no bolso, o consumidor brasileiro saiu às compras, mas também passou a reclamar mais da qualidade dos serviços e do atendimento das empresas. Só nos primeiros seis meses deste ano, os Procons em todo o país receberam 861 mil queixas contra empresas, total 9,23% maior do que em igual período de 2011, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), que reúne 24 Procons estaduais e 146 municipais. Enquanto isso, as vendas no varejo subiram 7,6% no mesmo período, de acordo com a Serasa.

Em Minas Gerais, as reclamações também aumentaram. A alta, segundo dados do Procon da Assembleia, foi de 7,99%. Foram 43.810 queixas no primeiro semestre deste ano, enquanto que, no mesmo período do ano passado, chegaram a 40.565.

Com uma renda maior, o consumidor ficou mais sofisticado, disse o sócio da área de varejo e bens de consumo da consultoria Roland Berger, Jorge Pereira da Costa. Segundo ele, esse movimento ocorreu anos antes em países desenvolvidos.

Essa consciência dos direitos do comprador demorou a chegar, mas já faz escola. A professora aposentada Marilda Neusa Guimarães foi pela primeira vez ao Procon Municipal e ao Juizado Especial Cível de Relações de Consumo para reclamar de uma empresa de armários. E ensina: o consumidor não deve desistir.

"Acho que os procedimentos poderiam ser mais céleres. A demora desanima o consumidor. Se nada resolver, acho importante procurar a imprensa e denunciar as empresas que não respeitam o cliente", diz

Internet é o canal. A insatisfação do consumidor ficou mais evidente nos últimos cinco anos, principalmente com a popularização da internet, onde ele encontrou uma forma de ampliar sua indignação. A funcionária pública Adriana Peres, por exemplo, postou só em julho reclamações contra quatro empresas no site Reclame Aqui e no Facebook. "Cada vez que compro e tenho problemas, reclamo. Procuro primeiro o Serviço de Atendimento ao Consumidor, mas muitas vezes não funciona. Então vou no Reclame Aqui", disse.

"As reclamações estão aumentando ano a ano", disse o gerente do Procon da Assembleia, Gilberto Dias de Souza. Para ele, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em vigor há 21 anos, e o maior acesso à informação ajudaram a tornar o consumidor mais exigente. "Hoje, as informações circulam com mais facilidade graças ao avanço tecnológico, à internet".

"É fato que hoje, o consumidor conhece mais os seus direitos", observa a gerente de relacionamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Karina Alfano. (Com agências)

FOTO: Reprodução/Internet
Site Reclame Aqui se tornou referência em direitos do consumidor
Mudanças
Empresas já têm equipes para monitorar os sites
São Paulo. O aumento das reclamações dos consumidores forçou as empresas a repensarem seus canais de atendimento. Muitas trocaram o call center terceirizado por uma estrutura própria e criaram departamentos exclusivos para atender os clientes que reclamam nas redes sociais.

Empresas como Bradesco, Itaú, Santander, B2W e Ponto Frio adotaram o chamado "SAC 2.0", com equipes dedicadas exclusivamente a monitorar as reclamações de clientes em redes sociais, como Twitter, Facebook e Reclame Aqui. "Temos como premissa seguir o canal que o cliente escolheu para nos contatar. Se ele usou o Twitter, vamos responder no Twitter", disse a ouvidora do Itaú Unibanco, Cristiana Pinciroli.

No Bradesco, a equipe de internet tem autonomia para interagir com os clientes sem seguir um roteiro de atendimento, como é padrão na maioria dos call centers. "Começamos neste ano a treinar a equipe para fazer o mesmo no atendimento telefônico", disse Luca Cavalcanti, diretor de Canais Digitais do Bradesco. A intenção é aumentar o percentual de reclamações resolvidas na hora para 50% das ligações na central. Hoje é de 18%, contra 5% há três anos.
FOTO: CRISTIANO TRAD – 9.1.2012
TIM, Oi e Claro continuam impedidas de vender novas linhas
Celular
Parada nas vendas das teles não tem prazo para acabar
São Paulo. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Batista Resende, disse ontem que não tem prazo para o fim da suspensão das vendas de planos das operadoras de celular TIM, Oi e Claro. As três estão proibidas de vender novas linhas desde o dia 23. As vendas da TIM foram suspensas em 19 estados e Distrito Federal; da Oi, em cinco Estados, e da Claro, em três.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, havia declarado que o governo espera que, em 15 dias, as empresas pudessem voltar a vender. Mas a Anatel reafirma que depende da adequação das empresas.

"Estamos estudando os planos apresentados pelas operadoras e vendo as consistências das projeções e do investimento. A área técnica da Anatel está conversando com as operadoras, exigindo complementos", disse Resende. A TIM enviou nota à imprensa, ontem, dizendo que prepara um programa de qualidade para os consumidores acompanharem a implementação do plano de ações entregue à Anatel na semana passada.
Fonte: O TEMPO

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