Candidatos se enfrentam na TV
Os temas saúde, mobilidade urbana e obras devem dominar o primeiro debate entre os dois principais candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) e Patrus Ananias (PT). O confronto, que acontece hoje na Rede Band Minas, deve ocorrer sem ataques pessoais.
Nos últimos três dias, o ex-ministro e o prefeito reduziram suas agendas de campanha para se preparar para o embate na televisão. O petista recebeu treinamento da equipe de seu marqueteiro político, João Santana.
Segundo os membros da equipe de coordenação da campanha, Patrus apresentará propostas para a capital, sem fazer críticas diretas ao seu adversário. "Estou preocupado com a cidade, em levantar os desafios e buscar soluções. Penso que os candidatos devem ter como foco a cidade", afirmou ontem o petista, que foi orientado a não responder às polêmicas, caso elas ocorram.
O coordenador executivo da equipe petista, vice-prefeito Roberto Carvalho, afirma que Patrus relembrará sua trajetória na política, ligando seu nome ao governo federal. "Vamos mostrar para os mais jovens o que Patrus já fez pela cidade. E para os mais velhos, o que ainda vai fazer", disse, destacando a criação do Orçamento Participativo.
Do lado do prefeito, no entanto, a estratégia é outra: desassociar a imagem da atual gestão do governo federal e não discutir a paternidade de programas.
Outro ponto a ser abordado são as obras, um dos motes de Lacerda. "Ele é um grande gestor e grande parte disso diz respeito às obras. Não só pela quantidade, mas pela qualidade", destacou o candidato a vice na chapa do socialista, deputado Délio Malheiros (PV).
Apesar de não querer mostrar sua relação com o governo federal, Lacerda deverá atribuir à União alguns dos projetos que não saíram do papel. "O metrô, por exemplo, a prefeitura está aguardando a liberação dos recursos pelo governo federal. Isso tem que ser mostrado", disse uma fonte da campanha, que pediu anonimato.
Essa estratégia poderá ser usada em outras áreas que são criticadas por opositores, como a saúde e a mobilidade. "O prefeito está implantando o Transporte Rápido de Ônibus (BRT). Uma iniciativa muito importante para uma capital como a nossa", completou Malheiros.
Além de Lacerda e Patrus, vão participar do debate os candidatos Alfredo Flister (PHS) e Maria da Consolação (PSOL).
Ontem, o ex-ministro recebeu o apoio de alas jovens da capital, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Colegial de Minas Gerais (UCMG). Essa geração não havia nascido ou era muito nova para se lembrar da administração de Patrus em Belo Horizonte, de 1993 a 1996.
Entre as demandas colocadas pelo grupo, que fez um ato de apoio a Patrus na praça Sete, região Central da capital, estão o passe livre e a criação da cidade digital.
O petista discursou em palanque improvisado e pediu votos. "Precisamos crescer e multiplicar nossa campanha", declarou, destacando sua participação na criação do Festival Internacional de Teatro (FIT), durante seu governo. (IL)
A vereadora Neusinha Santos (PT) usou a tribuna para protestar contra a administração do prefeito Marcio Lacerda (PSB). A parlamentar apresentou parte dos 40 pontos programáticos, que, segundo ela, não foram cumpridos. "Lacerda rompeu com aqueles que o elegeram", afirmou.
A petista abordou a verticalização da Pampulha, os problemas de mobilidade urbana e o descaso com os moradores de rua. "Patrus fez o Plano Diretor da cidade que continuou até a administração de Pimentel. Lacerda simplesmente desfigurou o andamento dessas políticas públicas", acusou.
O vereador Fábio Caldeira (PSB) retrucou as afirmativas da petista, as quais classificou como "ilações irresponsáveis". Depois da plenária, o parlamentar defendeu o atual prefeito. "Lacerda foi eleito o melhor prefeito do Brasil. Até o mês passado, a administração dele era bem avaliada pelo PT", ressaltou Caldeira.
Sobre "possíveis" obstruções de votação de projetos na Câmara, ele disse que, se isso acontecer, será incoerente por parte dos opositores. "Nesta semana, nós vamos ter a deliberação de alguns vetos do prefeito e a votação será aberta. Os vereadores do PT, que votaram na aprovação de projetos no primeiro e no segundo turnos, terão que manter o mesmo posicionamento", analisou o vereador.
Ronaldo Gontijo (PPS) é o novo líder do governo na Câmara. (Guilherme Reis/Especial para O TEMPO)
A equipe de Marcio Lacerda (PSB) rebateu, ontem, afirmação feita pelo candidato petista Patrus Ananias. Em nota assinada pela coligação do socialista, BH Segue em Frente, a equipe afirma que a promessa de criar um centro de referência para a juventude integrado aos centros de cultura, feita pelo candidato da coligação Frente BH Popular, é um projeto já iniciado pelo prefeito Marcio Lacerda. O acordo para a sua criação foi assinado no último dia 2 de julho com o governo estadual e está previsto um investimento de R$ 15 milhões.
Recuperação. Também ontem, artistas estiveram na Savassi para recuperar as pinturas que foram alvo de vandalismo na noite de segunda-feira. Na semana passada, pintores expressaram apoio a Lacerda por meio de obras de arte em muros da região e, anteontem, elas amanheceram pichadas. "Esse tipo de agressão não é somente às obras, mas também à cidade, à classe dos artistas e à democracia", disse Délio Malheiros. (LA)
São Paulo. Além de Belo Horizonte, os candidatos às prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro também participarão de debates na Band. Nas duas cidades, o tema que deve dominar as discussões é o mensalão.
Em São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, vai buscar a polarização com José Serra (PSDB), que pretende se manter afastado das polêmicas e deixá-las para os candidatos nanicos. A estratégia do tucano é evitar voltar os holofotes para Haddad.
No Rio, Aspásia Camargo (PV), Marcelo Freixo (PSOL), Otavio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM), que jamais estiveram em um debate, encontrarão o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Os quatro negam uma união para enfrentar o favoritismo do peemedebista.