Juro alto resiste à pressão do governo em Belo Horizonte

05 de Junho de 2012
por: Tatiana Moraes

WESLEY RODRIGUES/ARQUIVO

Cartão

Em maio, juro médio do cartão de crédito ficou em 12,81%



As investidas do governo para reduzir os juros na ponta do consumo ainda não tiveram o resultado esperado. Um bom exemplo é o cartão de crédito, cuja taxa em Belo Horizonte gira em torno de 12% ao mês há dois anos, segundo o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), Wanderley Ramalho. Em maio, o juro médio do cartão foi de 12,81%, percentual idêntico ao registrado em abril. A taxa acumulada no ano chega a 324,79%.

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Ipead ficou em 0,33% no mês passado, levemente inferior ao registrado em abril, de 0,34%.

 

Para ter uma ideia clara de como o cartão de crédito pode corroer o orçamento do trabalhador, Ramalho afirma que dívida de R$ 1 mil à operadora se transforma em cerca de R$ 4 mil em um ano, R$ 16 mil em dois anos e R$ 64 mil em três anos.

 

“Esse consumidor entrega, a cada três anos, um carro de luxo às operadoras de cartão de crédito. Discutir os juros e reduzir o uso do cartão são formas de pressionar as operadoras a reduzir as taxas”, diz.

 

Os juros do cheque especial também permaneceram praticamente congelados. Em março deste ano, as taxas fecharam em 8,72% ao mês, contra 8,33% em abril e 8,20% em maio. Em maio do ano passado, a taxa era de 8,53%.

 

Dizer que o juro do cheque especial é de 8,20% ao mês equivale a afirmar que, por ano, o consumidor paga 161,21% de taxa, conforme explica o coordenador do Ipead. “Em um ano, o consumidor que devia R$ 1 mil ao banco deverá cerca de R$ 2,6 mil. Estamos falando de juros sobre juros”, comenta.

 

Embora o cartão de crédito e o cheque especial não tenham sido afetados pelas sete quedas consecutivas da Selic, as ações tomadas pelo governo para estimular a economia foram bem avaliadas por Ramalho. A expectativa do coordenador de Pesquisas do Ipead é de que no médio prazo os juros registrem quedas nos mais diversos segmentos. Novos cortes na Selic não foram descartados por Ramalho. “Pode ser que haja mais um corte, depois, uma parada técnica”, comenta.

 

Por nota, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) afirmou que as taxas de juros dos cartões são definidas a partir de diversos critérios específicos da gestão comercial de cada emissor, seguindo a livre concorrência de mercado. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não se pronunciou.

 

 Fonte: Hoje em Dia

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