Investimentos de R$ 36 bilhões esquentam a disputa em 12 cidades mineiras
06 de Agosto de 2012 às 08:54
por: Marcelo da Fonseca e Marta Vieira
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Dos R$ 13,4 bilhões anunciados pela iniciativa privada para a cidade dos profetas de Aleijadinho, a maior parte – R$ 11 bilhões – está prevista para um projeto de exploração mineral da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O restante chegará à cidade a partir do segundo semestre de 2013, por meio da expansão das atividades mineradoras da Ferrous, empresa formada por um fundo de investimentos norte-americanos, australianos e ingleses. Os empregos gerados durante as obras e o elevado número de funcionários contratados pelas grandes mineradoras despontam como atrativos para toda a região, embora venham acompanhados de polêmicas envolvendo a necessidade de preservação do patrimônio local e de problemas sociais provocados pelo aumento de moradores.
Mas até mesmo os problemas provocados pela atração de investimentos podem render frutos aos candidatos à prefeitura, ao alimentar um debate que é também uma ´ótima oportunidade para ganhar a confiança do eleitor. O candidato Altary de Souza (PSB) ressalta que as propostas sobre o diálogo com as empresas devem ser acompanhadas de perto pela população, uma vez que influenciarão, e muito, a rotina da cidade. “Nossa prioridade é mostrar as melhores maneiras para que as empresas mineradoras consigam converter em benefício também para a população esses altos valores de investimentos. Entendemos a importância de usar nossos recursos, mas não dá para esquecer do nosso patrimônio cultural e ambiental. É um tema fundamental para os próximos anos. Até hoje não conseguimos fazer com que esses recursos cheguem à área social e por isso a população fica prejudicada”, defende Altary.
Já o candidato José Freitas Zelinho (PSDB) ressalta que caberá ao Executivo municipal garantir que os investimentos gerem empregos e melhorias na infraestrutura. “Temos matéria-prima, posição estratégica com estradas e linhas férreas e proximidade com grandes centros, condições perfeitas para o setor de mineração. Cabe a nós trabalhar mais para agregar valor à nossa produção mineral”, afirma. O tucano destaca também que, com as dificuldades enfrentadas pelo setor em função da crise internacional, as negociações com a iniciativa privada devem receber grande atenção do futuro prefeito, para evitar adiamentos e cortes nos investimentos.
Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, um protocolo assinado entre o governo de Minas e a Vale prevê investimentos de R$ 3,6 bilhões na construção de um complexo de mineração para exploração de uma jazida de fosfato. A iniciativa já havia se tornado bandeira em campanhas anteriores, içada pela promessa de geração de cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos para a cidade, de 85 mil habitantes. Agora, com a confirmação da nova unidade, os candidatos buscam o apoio dos eleitores voltando o foco para a necessidade de avançar no reforço da infraestrutura para que o município aproveite a oportunidade de ouro.
O atual prefeito e candidato à reeleição, Lucas Campos (PPS), ressalta que a garantia dos recursos que chegarão por meio do setor privado fez surgir uma série de demandas para Patrocínio, configurando o campo em que a disputa política será travada. “Existe uma expectativa de instalação de muitas empresas nos próximos anos e esse tema foi usado recorrentemente nas últimas campanhas. Entretanto, não é o recurso investido que queremos mostrar para a população e sim o que temos que fazer para que esse crescimento represente melhorias na qualidade de vida das pessoas. Com a vinda da empresa, teremos também mais imigração e aumento na demanda por saúde pública, educação e moradia”, afirma Lucas.
Na campanha à Prefeitura de Itabira, Região Central do estado, o investimento da iniciativa privada para o setor da mineração também já se destaca como um dos temas importantes da economia local que invadiram a disputa política. “Esse cenário movimentado da região faz com que várias propostas apareçam, o que é muito positivo para nossa política. Com a economia aquecida e boas opções de investimentos cria-se a oportunidade de aplicar tais recursos em favor da comunidade, abrindo alternativas de desenvolvimento. Queremos não só a chegada da Vale, mas também de outras empresas que se tornem alternativas para a cidade”, comenta o candidato Roberto Chaves (PSDB). Até 2014, a Vale pretende investir R$ 2,5 bilhões no município.
MAIS COBIÇADAS
Cidades na rota dos investimentos
1º
Cidade: Congonhas
Investimento: R$ 13,4 bilhões
– Desde o ano passado, a CSN vem acelerando os projetos para implantação de uma usina de aço em Congonhas, com investimentos estimados em R$ 11 bilhões. Outra empresa que pretende ampliar as atividades na região é a Ferrous, que confirmou o investimento de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 2,4 bilhões) para ampliar em 15 milhões de toneladas sua produção de minério de ferro até 2016. Sete candidatos disputam a prefeitura.
2º
Cidades: Grão Mogol, Padre Carvalho e Rio Pardo de Minas
Investimento: R$ 8,3 bilhões
Os recursos para projetos voltados para a exploração mineral foram anunciados pela Sul Americana de Metais/Votorantim (R$ 4,2 bilhões), ENRC/Bahia Mineração (R$ 3,6 bilhões) e Vale (R$ 560 milhões)
3º
Cidades: São Joaquim de Bicas,
Brumadinho e Igarapé
Investimento: R$ 4 bilhões
– Protocolo assinado em julho do ano passado prevê a expansão da unidade Serra Azul pela MMX, mineradora do Grupo EBX. A capacidade de produção esperada até 2015 é de 24 milhões de toneladas de minério de ferro. A previsão é de que serão gerados 5,5 mil empregos diretos na fase de execução das obras.
4º
Cidade: Patrocínio
Investimento: R$ 3,6 bilhões
– Anunciados pela Vale Fertilizantes S/A, os investimentos serão direcionados
para a abertura de uma mina de rocha fosfática. No projeto estão previstas também a construção de unidades industriais para viabilizar a produção de ácidos sulfúrico e fosfórico, além de fertilizantes fosfatados
de alta concentração.
5º
Cidades: Morro do Pilar e
Santa Maria do Itabira
Investimento: US$ 2,8 bilhões
– Em junho, executivos da Manabi Holding – mineradora criada no ano passado por ex-executivos da Vale e da MMX e investidores canadenses e americanos – definiram os detalhes do investimentos para a região. O projeto prevê a exploração do minério e a expectativa é de que as operações abram 2 mil empregos diretos, sendo 1,5 mil no complexo minerador.
6º
Cidade: Itabira
Investimento: R$ 2,5 bilhões
– Até 2015, a Vale planeja readequar a Usina do Cauê, para ampliar a produção para 20 milhões de toneladas de itabirito compacto anualmente. O projeto prevê 6 mil empregos diretos durante as obras e cerca de 100 novas vagas na usina.
7º
Cidade: Tupaciguara
Investimento: R$ 1,5 bilhão
– O Triângulo Mineiro receberá até o fim deste ano altos recursos para produção de tecnologia e ampliação de unidades voltadas para o setor aeronáutico. Em Tupaciguara, a instalação da fábrica da Axis Aeroespace, que desenvolve aviões executivos com capacidade para transportar até oito pessoas, deverá entrar em funcionamento a partir de 2015, como parte do complexo aeronáutico que vem sendo implantado na região.
Fonte: Estado de Minas