Governo lança pesquisa para saber origem e destino de passageiros e mercadorias na Grande BH
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Com o número de veículos crescendo a uma média de 8,7% ao ano, mobilidade é o grande problema da Região Metropolitana de Belo Horizonte |
Desatar o nó que trava a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) , com 34 municípios, 4,8 milhões de habitantes e 2,2 milhões de veículos, e impedir que os problemas de mobilidade urbana se agravem ainda mais. Esse é o grande desafio da Pesquisa Origem e Destino, lançada ontem pelo governo do estado e que, segundo as autoridades, vai servir de base para o desenvolvimento das soluções para a falta de mobilidade na Grande BH. Estão sendo investidos R$ 7 milhões no projeto, que foi iniciado ontem, com a aplicação dos questionários e contagem dos veículos que circulam na região.
A pesquisa começa a ser aplicada em um momento crucial no trânsito da Grande BH, resultado do aumento expressivo do número de veículos. Entre 2000 e 2011, o crescimento médio da frota na região foi de 8,7% ao ano, bem acima da média de crescimento da população, que teve expansão média de 1,1% ao ano entre 2000 e 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cerca de 44 mil domicílios nos 34 municípios da RMBH vão ser visitados pelos pesquisadores para levantar informações sobre para onde as pessoas vão, a que horas se deslocam, por qual motivo e qual meio de transporte usam, além de dados sobre idade, ocupação e renda média dos entrevistados. Os questionários serão aplicados até 30 de novembro. Ao final, a meta é que os dados obtidos pela pesquisa permitam o disciplinamento do transporte de pessoas e mercadorias na Grande BH.
“Creio que o retrato dos deslocamentos geográficos da população nos dará informações suficientes para planejar um sistema de transportes que seja descentralizado em outros vetores e não concentrado apenas no Centro de Belo Horizonte”, disse o secretário de Estado de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira ao comentar a iniciativa de elaboração da pesquisa.
O questionário será aplicado também no Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip), nos aeroportos da Pampulha e de Confins e na Estação Ferroviária Central. Em outra frente de atuação, com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pesquisadores vão atuar em 21 pontos de entrada e saída da capital, onde também será feita a contagem de veículos em circulação. Também serão montados 67 pontos de aplicação da pesquisa nos 34 municípios da Grande BH, de preferência locais onde há circulação de trens.
Trem metropolitano
Ao falar sobre a Pesquisa Origem e Destino, o secretário Alexandre Silveira voltou a defender a implantação do sistema de trem metropolitano, aproveitando a rede ferroviária existente, com aproximadamente 500 quilômetros de trilhos, como melhor solução para os problemas de trânsito na Grande BH. “Precisamos de um sistema integrado na RMBH que privilegie o transporte público. Só assim podemos avançar nessa questão”, afirmou.
Ele informou que 18 grupos empresariais manifestaram interesse em apresentar projetos de aproveitamento de três ramais ferroviários no estado. O primeiro liga Divinópolis, na Região Centro-Oeste, a Sete Lagoas, na Região Central, passando pelo Centro de BH, o segundo vai de Brumadinho, na Grande BH, até a capital, e o terceiro vai de Conselheiro Lafaiete, Região Central, até BH, com um ramal para Ouro Preto, também na Região Central.
Os grupos se apresentaram durante a fase de procedimento de manifestação de interesse (PMI), aberta em 15 de junho e que se prolongará até março de 2013. Encerrado esse prazo, o governo dará início à fase de análise das propostas, decidindo se os estudos são viáveis.
Quanto às obras de mobilidade atualmente em implantação em Belo Horizonte, como a ligação da Avenida Pedro II com a Avenida Tancredo Neves e a implantação do BRT, Alexandre Silveira considera que ela estão aquém do que é necessário para melhorar o transporte de massa na capital.
Palavra de especialista
SILVESTRE DE ANDRADE
CONSULTOR EM TRANSPORTE E TRÂNSITO E MESTRE EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES PELA UFRJ
Não se faz planejamento de transporte sem uma pesquisa de origem e destino. Esse é um instrumento indispensável para qualquer projeto que se tenha a intenção de desenvolver. Normalmente, por ser muito abrangente e complexa, ela se torna cara, o que a torna viável apenas de 10 em 10 anos. Mas de qualquer forma, estamos vivendo uma fase de expansão do Vetor Norte, uma realidade interessante que será abordada na pesquisa. Sobre o trem metropolitano, posso dizer que para o usuário ele é muito bom, pois não pega congestionamento e tem vias exclusivas. Porém, o sistema ferroviário é caro e por isso necessita de estudos para ver se é viável economicamente para a sociedade. Também é necessário ver quanto o governo está disposto a investir. Portanto, só com estudos muito elaborados é possível avaliar se é um sistema interessante ou não.
Fonte: Estado de Minas