IPI deve continuar reduzido

13 de Agosto de 2012 às 08:54
por: Ana Arsênio
 
 
FOTO: ALEX DE JESUS
Em alta. Em julho, a produção de carros aumentou 8,8% em comparação a junho e, para agosto, espera-se recorde de vendas e produção
São Paulo. Analistas do setor automotivo acreditam que haverá uma prorrogação da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - prevista para terminar em 31 de agosto - para estimular o consumo de veículos, apesar da negação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A confirmação da extensão do benefício, porém, é esperada para os dias próximos à data de vencimento.

De acordo com os analistas, o IPI reduzido reergueu o comércio de veículos, levou a um ajuste dos estoques nas montadores e, a partir de julho, abriu espaço para uma retomada da produção, com consequente alta no número de empregados.

Agora, dizem, não há razão para o governo interromper o bom momento da indústria automotiva e comprometer ainda mais o já fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012.

O ex-presidente da Ford Brasil e diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Luiz Carlos Mello, diz acreditar "piamente" na renovação da política de incentivo à compra do automóvel. "O governo não quer correr nenhum risco em relação ao impacto que uma nova crise no setor teria na economia", afirma, em relação a uma eventual freada no mercado de veículos caso o imposto volte a vigorar com a alíquota cheia. "Se o PIB já se desenha abaixo dos 2% de crescimento, qualquer soluço da indústria automotiva, que tem uma cadeia muito desdobrada, teria impacto", disse.

O ex-vice-presidente de manufatura e criação de produção da Ford na América do Sul e hoje consultor Luc de Ferran afirma que todos os agentes do setor com quem tem conversado confiam na prorrogação.

Ferran destaca o efeito que o IPI reduzido teve sobre os estoques das montadoras, que em abril chegaram a 43 dias e, ao final de julho, foram reduzidos a 27 dias de vendas, segundo divulgou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na última segunda-feira.

"Quando cortou o imposto a indústria, que havia praticamente interrompido a produção, ajustou o estoque em menos de um mês. Todo mundo está com os números positivos do IPI reduzido na cabeça", afirma.

Recordes. Dados da Anfavea relativos a julho mostram que as vendas de veículos chegaram a 364.196 unidades, recorde para o mês e o segundo melhor resultado.

A produção aumentou 8,8% em comparação a junho e, para agosto, a entidade espera recorde tanto de vendas quanto de produção. O emprego cresceu 0,5% em julho ante o mês anterior, após uma alta de 1,3% na comparação de junho ante maio.

Julian Semple, consultor sênior da Carcon Automotive, acredita que haverá a prorrogação, mas a decisão será anunciada na última hora para não interromper a corrida do consumidor às concessionárias em busca de um preço menor. "Sob o ponto de vista das montadoras, é melhor apostar corrida agora e fazer o anúncio da prorrogação só no último momento", disse.
Setor de seminovos pode ter colapso
Se o governo realmente optar pela prorrogação do IPI reduzido para a indústria automobilística, o setor de seminovos corre o risco de entrar em colapso. Quem informa é o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Ilídio Gonçalves dos Santos.

Segundo ele, cerca de 4.500 lojas de seminovos fecharam as portas em todo o país entre março e julho últimos, sendo 150 delas em Minas Gerais.

"Mesmo com o fim do incentivo para os carros novos, em 31 de agosto, não é possível prever os rumos do mercado de usados nos próximos meses. O governo não tem dado a atenção que o setor merece. Ele olha apenas para as montadoras", disse.

Segundo Ilídio Santos, com o IPI menor para os veículos novos, houve uma desvalorização de 10% a 15% no preço dos usados. "Em 41 anos no ramo de seminovos, não me lembro de ter passado por uma situação tão difícil", disse. (Ana Arsênio)
 
Fonte: O TEMPO

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