Fábricas de móveis ignoram 'pibinho' e projetam crescer 5%
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Presidente do sindicato das empresas, Carlos Alberto Homem afirma que fábricas buscam atender novo perfil de consmunidores brasileiros |
Depois de ajudar a fomentar o setor de construção civil, a nova classe média começa a gastar um bom dinheiro para mobiliar a casa própria e, consequentemente, elevar os índices de vendas da indústria e do varejo de móveis a percentuais bem acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para este ano. Enquanto analistas consultados pelo Banco Central (BC) acreditam que o PIB nacional vai subir “apenas” 1,75% em 2012, conforme a edição do relatório Focus divulgada ontem, a indústria de móveis e artefatos de madeira de Minas Gerais acredita em alta de 4,5% a 5%. Por sua vez, o varejo prevê índice de 10%.
Para reforçar o impulso esperado por esses dois segmentos, o governo federal publicou ontem um decreto zerando a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de painéis de madeira, laminados de alta resistência e PVC, usados na fabricação de móveis. Esses produtos tinham alíquotas de 5% a 15%. O corte vai vigorar até 30 de setembro. A expectativa é de que as diferenças sejam repassadas aos consumidores, impulsionando ainda mais o desejo da nova classe média de mobiliar ou trocar os móveis. Estudo do Instituto Data Popular revela que os gastos com mobília devem fechar o ano com cifra de R$ 44 bilhões.
Desse total, R$ 21,7 bilhões devem ser bancados pela nova classe média – a cifra representa um aumento de 11,9% em relação ao volume de 2011. O percentual fica mais relevante quando o estudo informa que os consumidores de alta renda (classes A e B) devem comprar 2,1% a menos do que o ano anterior, totalizando R$ 13,8 bilhões. Ainda segundo a pesquisa, a cada R$ 100 gastos com móveis no Brasil, R$ 46,5 são da classe C e R$ 19,9 da D.
“As classes C e D estão mais ascendentes. Estamos criando produtos e maneiras (para atendê-los melhor). Os apartamentos do programa Minha casa, minha vida, por exemplo, exigem outros tipos de designer. Depois de fecharmos o primeiro semestre do ano com retração, devemos encerrar 2012 com aumento de 4,5% a 5%”, comemora, aliviado, Carlos Alberto Homem, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos de Madeira (Sindmov-MG).
Crédito O empresário José Oscar Pinto, vice-presidente da Associação dos Lojistas e representantes de Móveis de Minas Gerais (Alormov-MG), também destaca os benefícios conquistados pelo setor com o aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras. Mas ele ainda atribui o aumento esperado nas vendas ao recuo da taxa de juro e outras políticas para incentivo do consumo, como a redução de impostos.
“Quando o poder público diminui o custo do móvel, o consumidor é beneficiado”, reforça José, cujo setor, acredita ele, deve encerrar o ano com 10% de aumento em relação a 2011. A queda no imposto não se resume ao IPI: as instituições financeiras também vêm diminuindo as alíquotas dos empréstimos, estratégia forçada pela queda nos juros praticadas pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF). Essa última, por exemplo, reviu para baixo as taxas para o Construcard, a linha de crédito para financiamento tanto de materiais de construção quanto de móveis.
No fim de julho, a taxa mínima da Construcard passou de 1,96% ao mês para 1,40% mensais. Já a máxima baixou de 2,35% para 1,85%. Além disso, o prazo de pagamento foi estendido de 60 meses para até 96 meses. A linha de financiamento é aceita em grandes redes, como a Lider, e, segundo a Caixa, é usada principalmente na compra de móveis planejados.
O banco não tem o balanço detalhado de qual a cifra foi emprestada para a compra de móveis, mas informou que o total de empréstimos da Construcard foi de R$ 15 bilhões nos últimos cinco anos, beneficiando 1,2 milhão de famílias no país.
Feira facilita compra
Ávidos pelo aumento do poder aquisitivo da chamada nova classe média, cerca de 60 expositores de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará vão participar da 14ª Feira Mineira de Móveis e Decoração, no Minascentro, de 4 a 9 de setembro. Os organizadores acreditam que o volume de vendas será 25% maior do que o da última edição. Já o público esperado é de 40 mil pessoas – 10% a mais do que o de 2011.
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Decreto zera alíquota do IPI de painéis de madeira e preço dos móveis vai ter redução. Brasileiros gastam R$ 44 bilhões para mobiliar casas |
“Procurando aquecer ainda mais as vendas, criamos uma campanha na qual os consumidores terão até 2013 para dar o dinheiro da entrada. As compras poderão ser financiadas em até 12 vezes”, propagandeia Uriel Pinheiro, diretor da MG Marketing, empresa que organiza a feira. Segundo ele, tradicionalmente, os consumidores gastam em torno de R$ 5 mil a R$ 30 mil.
A dilatação no prazo de pagamento favorece, sobretudo, os jovens casais que ainda não mobiliaram o lar. “Eles podem planejar e administrar os gastos do casamento com tranquilidade e, ainda, investir no mobiliário”, completa Uriel.
O público poderá aproveitar a feira para consultar especialistas – geralmente levados pelos expositores – a respeito das novas tendências, cores, materiais e outras dúvidas. Atenção: os ingressos do evento custam R$ 5, mas podem ser retirados gratuitamente no site www.feiramineirademoveis.com.br. (PHL)
Fonte: Estado de Minas