Quase metade das empresas não passa do terceiro ano de vida, mostra pesquisa

28 de Agosto de 2012
por: Carolina Mansur

Pesquisa mostra que maioria das empresas abertas em 2007 não existia mais em 2010. Incidência cresce entre as menores

 

 

Radamés Pereira e Adriana Carvalho, da Infatti, apostam em investimentos ponderados para fugir das estatísticas (GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS - 10/7/12)  
Radamés Pereira e Adriana Carvalho, da Infatti, apostam em investimentos ponderados para fugir das estatísticas
Quase metade das empresas não passa do terceiro ano de vida, afirma o estudo Demografia das Empresas 2010, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre). De acordo com a pesquisa, a sobrevivência das empresas que entraram no mercado em 2007, foi de 51,8%, até 2010. E 48,2% delas deixaram de existir depois de três anos da sua estreia no mercado. Desse total, 23,9% das empresas fecharam as portas no primeiro ano de vida. As maiores taxas de entrada (32,7%) ou saída (27,3%) no mercado foram registradas entre aquelas sem funcionários assalariados.

Mesmo sendo menos resistentes ao mercado e mais suscetíveis ao encerramento das atividades de forma prematura, as pequenas empresas continuam gerando oportunidades, de acordo com os dados da pesquisa. Cerca de 1 milhão de pequenas empresas entraram no mercado em 2010, número 5,5% superior ao registrado em 2009, e geraram mais de 2,3 milhões de novos postos de trabalho, sendo cerca de 1 milhão assalariados. Foram as pequenas empresas as responsáveis pelo acréscimo de 6,2% do pessoal ocupado total. As empresas que saíram do mercado, no entanto, levaram consigo 1,3 milhão de postos, sendo 363. 848 assalariados.

O estudo mostra ainda que a taxa de sobrevivência está relacionada ao porte dos empreendimentos. Entre as que tinham entre um e nove funcionários assalariados, a sobrevivência, em três anos, foi de 70,3% dos negócios. Para as de grande porte, o percentual foi de 80,2%. “As empresas maiores com maior capital imobilizado tendem a permanecer mais tempo no mercado, pois os custos de saída costumam ser elevados, entre outros fatores. Já nas empresas sem pessoal assalariado, cerca de 45% não existiam mais no segundo ano após a entrada no mercado”, avaliou o IBGE.

Segundo a gerente de atendimento do Sebrae MG, Mara Veit, as diferenças de gestão entre os empreendedores de grandes e pequenos negócios também justificam a taxa de mortalidade entre os pequenos negócios. A qualificação é um dos fatores. “Entendemos que muitas vezes há a dificuldade de manter um negócio e também administrar a questão financeira, técnica, contratação de bons profissionais e inserir o produto no mercado”, lembra.

Além disso, o desafio é ampliar as competências do gestor. “Acredito que o empresário tem que perceber que a gestão de uma empresa também está no marketing, nos aspectos legais, nas pessoas e na produção. A integração desses pontos é fundamental para a sobrevivência no mercado”, afirma. “As maiores aprenderam a administrar as adversidades e nem sempre os pequenos têm formação e estão preparados para atuar individualmente”, acrescenta.

Personagens da série “Minha vida de empresário”, que acompanha desde julho o passo a passo de seis novos empreendimentos com atividades em Belo Horizonte e em Montes Claros, no Norte do estado, nos 12 primeiros meses de atuação, Adriana Carvalho e Radamés Pereira, proprietários da loja Infatti Interiores, no shopping Minascasa, nem de longe pensam em fazer parte das estatísticas.
Os sócios ainda não completaram um mês a frente do novo negócio e apostam em investimentos ponderados para garantir a saúde financeira do negócio e alavancar as vendas da nova loja. “Já contratei duas funcionárias e penso em contratar mais dois para a entrega, mas estou esperando”, considera Adriana. A ponderação é justificada pelo tempo do negócio. “Ainda é muito recente e estamos repensando as contratações, compras até que consigamos entender o que o nosso público quer”, comenta.

Como estratégia Adriana e Radamés apostam na busca de clientes fora do espaço do shopping. “Nos revezamos para ficar 12 horas no shopping porque entendemos que a presença do proprietário é importante neste início”, diz Adriana. “Também estamos investindo em parcerias comissionáveis com decoradores e lojas de móveis, como forma de alavancar o negócio”, completa. “E, por último, estamos apostando em compras moderadas neste início.”

Maiores saem na frente

Os proprietários da Inbox acreditam no futuro promissor da loja (JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS - 3/7/12)  
Os proprietários da Inbox acreditam no futuro promissor da loja
De acordo com a gerente do Sebrae, o óbvio justifica a sobrevivência dos maiores. “Eles têm uma demanda maior”, diz Mara Veit. Os pequenos negócios, além de não terem mão de obra fiel, têm características que inviabilizam a consolidação dos negócios. “Muitos abrem sem se planejar, às vezes para complementar a renda ou sanar alguma necessidade”, comenta. “Além disso, se não dão certo têm a condição de migrar para outra atividade”, completa.

Mara garante que há uma mudança na postura desse empresário. “As altas taxas de empreendedorismo no Brasil nos mostram que essas pessoas estão mais atentas aos investimentos e calculam o risco”, considera. “No passado, abriam por necessidade e fechavam com rapidez, mas aqueles que vislumbram oportunidades, analisam e pesquisam o mercado no qual querem entrar têm mais chances de se firmar no mercado”, avalia.

Os também participantes da série “Minha vida de empresário” e sócios da Inbox, loja de presentes criativos, Rubens Campos, Alessandro Oliveira e Sérgio Silva entram no terceiro mês do negócio com as finanças controladas, usando a experiência dos empregos que tocam paralelamente a favor da empresa. Para sobreviver ao período inicial de maior turbulência estão apostando em custos fixos enxutos, além de seguir as orientações de um plano feito para direcionar o negócio.

Chefes de cinco funcionários – uma gerente, um administrador, duas vendedoras e uma caixa –, eles comentam que para serem mais eficientes na venda tentam oferecer diferenciais sem comprometer o orçamento. “Tentamos ser diferentes buscando novos fornecedores, produtos, oportunidades”, afirma Rubens. O fator mais preocupante, para o sócio, é a ausência da loja. “Todos os sócios trabalham. Não temos a disponibilidade para ir sempre à loja, de viajar para feiras, exposições, focar nas decisões mais estratégicas e em novos negócios”, lembra. “Mas estamos confiantes de que passaremos por essa fase inicial porque estamos com todas as estratégias acertadas no nosso planejamento. As vendas crescentes também contribuem com as nossas expectativas de futuro para o negócio.” (CM)
 
 
 
Fonte: Estado de Minas

 

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