BH tem 88,6% mais casos de erro hospitalar
30 de Agosto de 2012
por: Mateus Parreiras
Internações relacionadas a falhas em procedimentos médico-hospitalares quase dobram em BH durante o primeiro semestre de 2012. Cardiologia é especialidade com mais complicações
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Desconfiado: Alan Castro Novais não consegue superar medo de médico depois que ingeriu ácido no lugar de sedativo, quando se preparava para fazer uma tomografia |
Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), internações por esses motivos dispararam no período, passando de 79 casos nos seis primeiros meses de 2011 para 149 internações em 2012. Ao longo de todo o ano passado houve apenas 30 internados a mais do que o total registrado durante este semestre em BH. É a pior parcial semestral dos últimos cinco anos, menos grave apenas que o quadro registrado em 2009, quando houve 187 casos durante os primeiros seis meses.
Corações sofridos
Entre as causas que mais contribuíram para a internação de pessoas em Belo Horizonte por problemas nos cuidados médicos e hospitalares, o destaque são os incidentes com o manejo e com os próprios dispositivos para diagnósticos e terapias cardiovasculares. Esse tipo de ocorrência levou 91 pessoas de volta aos leitos e enfermarias, ou seja, 61% do total. Entre esses episódios podem ser citados imperícia no uso e defeitos em catéteres, que são tubos inseridos em veias e cavidades para ministrar medicamentos, aparelhos de monitoramento, implantes, próteses, marcapassos, instrumentos e material específico, incluindo suturas.
Em segundo lugar aparecem os acidentes não identificados durante a prestação de cuidados médicos e cirúrgicos, com 30 ocorrências. O caso do menino Alan, que ingeriu ácido em vez de anestésico quando era preparado para ser submetido a uma tomografia no Hospital Infantil São Camilo, se encaixa nessa categoria, que engloba também o uso de sangue incompatível em transfusão, de líquido errado em infusão, falha de sutura ou de ligadura, cânula mal posicionada na anestesia e realização de operação inapropriada, entre outros. Na sequência aparecem as sequelas de intervenções que se agravam depois da alta do paciente, com 11 casos, e as situações adversas com aparelhos ortopédicos, que chegam a nove.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), esses problemas se agravaram pela falta de estrutura, sobretudo na rede pública de saúde. “Temos hospitais sucateados, falta de infraestrutura, de planejamento, de investimentos em equipamentos, insumos e pessoal”, afirma. O Estado de Minas tentou contato ontem com representantes da Sociedade Mineira de Cardiologia, para saber quais tipos de problemas levam a especialidade a ser a líder em regresso médico, mas nenhum deles foi encontrado. A especialidade é a que historicamente recebe mais pacientes.
Fonte: Estado de Minas