Savassi abre mão de lojas abertas até as 21h

05 de Setembro de 2012
por: Carolina Mansur

Primeiro mês de funcionamento das lojas até as 21h não agrada e lojistas voltam a fechar as portas mais cedo

 

 

 
 
 
 
 
Ótica efetuou apenas uma venda em 30 dias e voltou ao horário normal (MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)  
Ótica efetuou apenas uma venda em 30 dias e voltou ao horário normal
O saldo não foi positivo no primeiro mês de funcionamento estendido das lojas da Savassi – que deveriam ficar abertas até as 21h, de segunda a sexta-feira, e aos sábados até as 18h. Prova disso é que cerca de 30 lojas de quatro quarteirões da Rua Antônio de Albuquerque não resistiram à falta de movimento e estão baixando as portas mais cedo. A maior parte encerra o expediente às 19h, enquanto apenas quatro lojas insistem em funcionar até as 20h.

Parte dos lojistas, no entanto, sequer aderiraram ao novo horário. Outros tentaram experimentar o funcionamento estendido por apenas uma semana, mas logo desistiram. A justificativa é a falta de segurança, estacionamento até três vezes mais caro que o de um shopping e o hábito do consumidor mineiro voltado para shoppings no período da noite. Com o mau resultado, a esperada recuperação nas vendas, em torno de 10%, ficou para depois.

Embora o objetivo da medida tomada pelos próprios lojistas fosse aumentar a competitividade do comércio, há quem diga que nos 30 primeiros dias do novo horário não conseguiu vender nada. A gerente da Optical Center, Walkíria Teixeira, afirma que no mesmo período efetuou apenas uma venda, mas sem abrir mão dos funcionários, o que encareceu o custo das operações. “Tentei manter a loja aberta até mais tarde, mas não foi possível segurar os funcionários sem vender nada”, diz.

A justificativa, para ela, é a falta de divulgação, mas também a desunião dos próprios lojistas. A gerente conta que este mês a loja voltou ao seu funcionamento habitual depois da experiência frustrada.

'Ainda estamos esperando uma recuperação nas vendas, mas não sabemos quando ela ocorrerá', diz Luciana Cintra, gerente de loja (GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)  
"Ainda estamos esperando uma recuperação nas vendas, mas não sabemos quando ela ocorrerá", diz Luciana Cintra, gerente de loja
Menos persistente que a loja onde Walkíria trabalha é loja de roupas e acessórios Complemento Nominal, que tentou se adaptar ao novo horário por três dias, mas desistiu motivada pelo baixo desempenho nas vendas. De acordo com a gerente Cristiane de Almeida Barbosa, a primeira semana foi suficiente para entender os hábitos do belo-horizontino. “Nesses dias não entrou ninguém na loja. Tivemos perdas de 20% durante as obras, queríamos recuperar 10% com esse novo formato e vimos que não iria engrenar”, comenta.

Na esperança de ainda reverter o quadro está a loja de confecções Official Malhas. Segundo a gerente Luciana Cintra, mesmo sem ter resultados nas vendas o estabelecimento tem forçado o funcionamento até mais tarde. “Nós mais quatro lojas estamos funcionando até as 20h, mas a maioria desistiu no primeiro mês porque viu que a medida não cumpriu o seu objetivo”, lembra. “Ainda estamos esperando uma recuperação nas vendas, mas não sabemos quando ela ocorrerá”, acrescenta.

Mudança de hábito

Para a presidente da Associação dos Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, a intenção de usar o comércio varejista da Oscar Freire, em São Paulo, como referência não funciona em Belo Horizonte. “A Oscar Freire fecha às 18h. Se desse retorno ficar aberto até mais tarde, o lojista de lá fecharia às 21h”, reforça. “O consumidor que quer comprar alguma coisinha nesse horário vai até o shopping pela conveniência”, garante.

O vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH), Marco Antônio Gaspar, atribui o mau resultado ao imediatismo e garante que, até o fim do ano, haverá a recuperação nas vendas dos lojistas que permanecem com as lojas abertas. “O consumidor não altera o seu comportamento de um dia para o outro”, afirma. 
 
 
Fonte: Estado de Minas

 

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