Lojas ignoram IPI menor para geladeira, fogão e tanquinho
Benefício começou em dezembro de 2011 e vale até o final deste ano
"De tanto ouvir essas propagandas de IPI reduzido acabei decidindo que era hora de comprar um tanquinho. Como não uso cartão de crédito, fui para comprar no carnê. Fiquei decepcionada quando o vendedor me disse que o tal desconto de IPI só valeria se eu comprasse o produto à vista", relata a dona de casa Ilza do Nascimento, que comprou, em seis parcelas de R$ 95, um tanquinho em uma grande loja de eletrodomésticos.
A reportagem de O TEMPO visitou três das principais representantes do varejo da linha branca e constatou que os vendedores não estão preparados para responder a dúvidas dos consumidores.
Na Ricardo Eletro, não havia na loja nenhum material publicitário que mencionasse a prorrogação da redução do imposto. Questionado, o vendedor disse que essa "promoção havia acabado". Uma geladeira modelo Consul CRB36A estava com preço afixado de R$ 1.099 para pagamento à vista, mas o vendedor disse que faria a venda à vista por R$ 930. O desconto, de cerca de 15%, equivale à redução no preço do produto com o IPI mais baixo - o mesmo desconto que o vendedor disse "ter acabado".
No Ponto Frio, o mesmo modelo de geladeira era oferecido à vista por R$ 999, mas a única opção de parcelamento era no cartão de crédito. A loja não oferece mais a opção de pagamento no carnê. Embora a loja trouxesse cartazes com anúncio de IPI mais baixo, os vendedores não sabiam informar qual era o percentual de redução em cada produto. Nas Casas Bahia, o mesmo produto poderia também ser adquirido no carnê, mas com juros mensais de 5,90% ao mês. O desconto oferecido para a compra à vista era também de 15%, mas, segundo ele, o preço sugerido de R$ 999 já registrava a menor alíquota de IPI.
A produção da indústria nacional avançou 0,3% na passagem de junho para julho, segundo a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi puxado, pelo aumento na fabricação de automóveis, eletrodomésticos da linha branca e de artigos de mobiliário, beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Alguns analistas enxergaram a segunda taxa positiva na indústria como um sinal de retomada gradual. "Na medida em que as empresas consumiram e ajustaram seus estoques, isso abriu espaço para haver um desempenho um pouco melhor na produção industrial", avaliou o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletro), Lourival Kiçula, comemorou o resultado. "As vendas seguem aumentando. No primeiro semestre, as venda de fogões cresceram 28%, a de lavadoras 20% e a de refrigeradores 12%", disse. "Com a prorrogação da redução do IPI até 31 de dezembro, as perspectivas são de um ano de 2012 muito bom", concluiu. (PG com agências)
Fonte: O TEMPO