Via Expressa se transforma em `avenida´ e irrita os motoristas

11 de Setembro de 2012
por: Karina Alves

Prefeituras admitem que priorizam a segurança em vez de fluidez do trânsito

 

 
FOTO: FOTOS SAMUEL AGUIAR
Rotina. Para motoristas, é comum perder horas em constantes congestionamentos da Via Expressa
Em tese, o que define uma via expressa é o fluxo contínuo de veículos, a localização segregada da área urbana e a ausência de passagem de pedestres. Se fosse para seguir à risca o significado, a Via Expressa de Betim e Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, deveria mudar de nome. Com capacidade saturada, acidentes constantes e características de uma grande avenida, o acesso se tornou um grande problema para as administrações municipais e um transtorno constante para a população que vive nos municípios ou precisa transitar ali.

Por parte do governo do Estado, ainda não há nem previsão de intervenções na Via Expressa. No ano que vem, deve ser concluído um plano da Agência Metropolitana, que deve apontar as áreas mais críticas, que necessitam de intervenções na Grande BH. A Via Expressa só será contemplada se for considerada prioridade.

Enquanto isso, as administrações de Contagem e Betim alegam que deixaram de se preocupar com a fluidez do tráfego para garantir a segurança de motoristas. Segundo o coordenador de trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon), Leonardo Gonçalves, o município optou por implantar sinais de trânsito em vez de passarelas, justamente com a intenção de reduzir a velocidade de motoristas. "O semáforo resolve o problema da passagem das pessoas e garante conversões mais seguras de veículos pesados", afirmou. Ao todo, os 18,5 km abrangidos por Betim e Contagem têm apenas três passarelas.

O diretor da Empresa de Transporte e Trânsito de Betim (Transbetim), Arthur Abreu, segue na mesma linha de ação do município vizinho. "Antigamente, era uma via expressa. Hoje, de expressa não tem mais nada. Hoje não estou visando fluidez; meu direcionamento é segurança. Não tenho como manter caminhões circulando a 100 km/h em um trecho que se tornou urbano", finalizou.

Além da implantação de radares e semáforos, há um ano, a Transcon reduziu o limite de velocidade de 70 km/h para 60 km/h. A Transbetim seguiu a mesma direção.

ANÁLISE. "A nossa Via Expressa não tem as características que deveria ter. Quando se interrompe o fluxo com a instalação de semáforos, quebra-se a velocidade comercial. É preciso retirar os semáforos e aumentar os acessos laterais aos bairros, além da implantação de passarelas", avalia o engenheiro de trânsito Márcio Aguiar. Além de sete semáforos, existem sete radares de limite de velocidade em cada sentido da via.

Segundo a Transcon, 42 mil veículos circulam por dia, entre terça e sexta-feira, na Via Expressa. Às segundas-feiras, quando o movimento é mais intenso, são 70 mil, ainda de acordo com o órgão.
Batidas param pistas por horas

A carência de estrutura para atender às demandas da Via Expressa é evidenciada a cada novo acidente na via. Ontem, uma carreta bateu num poste, no bairro Bernardo Monteiro, em Contagem, e provocou uma retenção de cerca de 4 km. A batida ocorreu por volta de 11h e o congestionamento se estendeu durante a tarde.

As cidades de Betim e Contagem têm apenas dois reboques para veículos pesados - um para cada município. A Transcon informou que tenta conseguir mais um veículo, mas ainda não há previsão de data. A Transbetim, por sua vez, alegou que pretende ter mais dois até novembro deste ano.

"Temos uma via saturada e concentramos muitos esforços em um só local. Temos ainda as demais avenidas para administrar. Precisamos de ajuda do Estado", disse o coordenador da Transcon, Leonardo Gonçalves. (KA)

 

Fonte: O TEMPO

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