Corte na folha de pagamento deve garantir empregos no país

14 de Setembro de 2012
por: Paula Takahashi

Governo amplia desoneração dos salários para mais 25 setores para aliviar empresas e manter postos de trabalho. Indústria comemora e diz que medida dá competitividade

 

 
Setor de suinocultura festeja possibilidade de concorrer com outros países a partir de corte nos custos (WSPA/DIVULGAÇÃO %u2013 6/4/10)  
Setor de suinocultura festeja possibilidade de concorrer com outros países a partir de corte nos custos
O governo volta a se esforçar para garantir que, em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional chegue a casa dos 4% de crescimento diante de um ano que, já reconheceu, não deve superar os 2%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que outros 25 setores da economia serão beneficiados, a partir de janeiro próximo, com a desoneração da folha de pagamentos. A contribuição patronal de 20% sobre o custo dos salários será substituída por alíquota de 1% ou 2% sobre o faturamento da empresa de acordo com o setor, a semelhança do que já ocorre com 15 segmentos, elevando para 40 os beneficiados.

A notícia foi comemorada pela indústria que também terá que fazer sua parte. Entre as condições para a desoneração tributária de R$ 60 bilhões nos próximos quatro anos – sendo R$ 12,83 bilhões somente em 2012 –, está a manutenção dos empregos, aumento da formalização, dos investimentos, das exportações, além da produção e produtividade. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) já garantiu que a redução dos custos melhora a competividade das empresas e fatalmente culminará com a geração de novas vagas. “A indústria precisa pagar menos impostos para produzir mais, contratar mais trabalhadores e gerar mais renda na economia brasileira”, observou o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, em nota divulgada a imprensa.

Este é mais um item na lista das medidas necessárias para recuperação da competitividade do setor, na avaliação do presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves. “Já falamos de energia e desoneração da folha e agora precisamos tratar de infra-estrutura e reforma tributária”, pondera. Este último figura entre as principais reivindicações dos empresários. Segundo pesquisa da CNI, 95% dos 262 entrevistados veem a reforma tributária como prioridade.

Para o diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, a medida do governo torna a política de recuperação da indústria horizontal e não apenas um pacote setorial em prol de alguns como vinha sendo apontado até então. “Isso porque estende os benefícios para um conjunto grande de setores da economia, inclusive prestação de serviços e tecnologia da informação que não haviam sido contemplados”, pondera Grisi.

 
Otimismo

 
Extremamente afetadas pela alta dos insumos, as indústrias de aves e suínos respiraram aliviadas com o anúncio vindo do Ministério da Fazenda. “Brigamos muito por isso porque estávamos carentes de um apoio do governo. Teremos de volta um pouco da competitividade que perdemos”, afirma o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) Francisco Turra, ao se referir a recente alta de preços do milho e da soja que elevou o custo de produção. “Essa medida é fundamental para mantermos a participação nos 154 países onde abrimos mercados”, explica Turra. Atualmente, o setor avícola emprega 720 mil pessoas em todo o país.

Com outros 190 mil empregados, os suinocultores passam pela mesma situação, já que a ração animal também tem, entre os componentes, farelo de soja e milho. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), agora o setor poderá fazer frente aos principais concorrentes internacionais como Estados Unidos, União Europeia e Canadá. Em conjunto, os 40 contemplados deixarão de pagar R$ 21,57 bilhões de INSS no ano que vem. A despesa, será reduzida a R$ 8,74 bilhões.

O governo espera que, a economia na folha associada ao corte de custos da energia, também seja compartilhada com a população por meio da redução de preços dos produtos. “Com essas medidas que entrarão em vigor no ano que vem teremos uma inflação comportada em 2013, avaliou Mantega.

 

Mais estímulos para setor de máquinas

 

Novos esforços para estimular investimentos também foram anunciados ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. As empresas que comprarem máquinas e equipamentos produzidos no Brasil entre 16 de setembro e 31 de dezembro, poderão lançar em seus balanços os custos de depreciação (valor lançado como despesa dos bens de capital) em até cinco anos e não mais em 10. Ao colocar um bem como despesa, a empresa diminui o lucro e paga menos Imposto de Renda. “Ou seja, em vez de colocar na despesa 10% do produto, serão abatidos 20% a cada ano. Isso diminui o Imposto de Renda que as empresas pagam”, detalhou Mantega. A renúncia fiscal total em cinco anos será de R$ 6,755 bilhões, sendo R$ 1,374 bilhão em 2013.

A medida estimulará as empresas a antecipar suas compras, segundo o ministro da Fazenda. Como consequência, ele espera o aumento dos investimentos, que vêm sendo tratados pelo governo como a solução para o País resistir aos impactos da crise internacional e acelerar o crescimento econômico. O benefício concedido ontem foi um pedido do setor e valerá apenas para apressar e incrementar o parque produtivo de máquinas e equipamentos até o fim do ano. No fim de agosto, o ministro já tinha anunciado uma medida similar para empresas que comprarem caminhões e vagões e que poderão acelerar a contabilidade nos mesmos moldes até o fim de 2012, só que de quatro para um ano.

Vagas cortadas

O momento para redução dos custos de produção na indústria e estímulo a novos investimentos não poderia ser mais oportuno. Segundo levantamento da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), somente em julho o setor perdeu 8,5 mil postos de trabalho no estado e deve encerrar 2012 com 80 mil demissões. O emprego registrou queda de 0,26% no mês frente a junho, com ajuste sazonal. Nos últimos 12 meses, o índice apurou 84 mil demissões, um recuo de 3,13% em relação ao mesmo período imediatamente anterior.

Mesmo com os incentivos do governo, o mercado de trabalho ainda levará tempo para reagir já que, na avaliação do diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, a indústria de transformação tem condições de incrementar a sua produção sem aumentar o quadro de funcionários. “O emprego demora a cair quando a indústria começa a fraquejar e demora a voltar quando a indústria começa a se recuperar”, avaliou Francini. (PT)

 

Fonte: Estado de Minas

 

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