Mercado aquecido derruba informalidade na Grande BH
17 de Setembro de 2012
por: Marinella Castro
Com desemprego em baixa, número de trabalhadores sem carteira assinada recua 28% em uma década e hoje é o menor em 15 anos na Grande BH, onde há 130 mil postos informais
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A vendedora Elen Teixeira quer mudar de atividade profissional para ser contratada com carteira de trabalho |
Os informais somam 130 mil na RMBH, mas já foram quase 170 mil nos início dos anos 2000. O professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mário Rodarte aponta que a mão de obra brasileira experimentou crescimento na escolarização, o que explica a mudança de perfil nas ocupações também entre os informais. O segmento mais jovem assumiu a posição de maior contingente entre os sem carteira. “Eles geralmente encontram maiores dificuldades em conseguir um trabalho com garantias e têm nível de escolaridade superior ao de seus pais, daí a informalidade crescer no ensino médio.”
Entre aqueles que trabalham sem carteira assinada caiu o chamado “turn over”, ou substituição de funcionários por outros mais qualificados. Assim os informais estão garantindo a vaga por mais tempo do que acontecia há uma década. O tempo de permanência na atividade, que era de 21 meses em 2000, passou para 38 meses, em 2011. Segundo Rodarte, os dados da pesquisa sugerem que até mesmo entre os informais a qualidade do trabalho melhorou devido à dificuldade das empresas em recontratar. “As empresas já não acreditam que uma nova turma fará melhor trabalho que a anterior.” Apesar de enfatizar que a busca deve ser pela formalidade, o especialista vê com bons olhos a manutenção mais longa do emprego. “Não vejo o indicador como um mau sinal porque sugere uma certa segurança quanto à manutenção dos postos de trabalho.”
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Tiago Zarpack deixou informalidade para ser microempreendedor individual e quer continuar crescendo |
Previdência
Os assalariados que trabalham à margem da legislação estão mais preocupados com o futuro, contribuem em maior escala com a Previdência Social. Em 2000 apenas 4,8% dos assalariados sem carteira, segundo o Dieese/FJP, contribuíam com a seguridade social. No fim do ano passado eles já somavam 14,2%. Mário Rodarte explica que no mesmo período a renda desse contingente cresceu 57%, ao contrário do que foi visto entre 1996 e 2000, quando a redução da renda provocou queda nas contribuições à Previdência. “Mesmo a renda ainda sendo pequena, houve um aumento expressivo e sintomático que permitiu um recolhimento da tributação.”
Especialista em mercado de trabalho, o professor de economia do Ibmec João Bonomo ressalta que a criação recorde de vagas contribuiu para a queda da informalidade, mas ainda falta ao país investir na qualificação da força de trabalho. “É preciso melhorar a qualidade das vagas geradas, com postos de maior rendimento.”
Mário Rodarte comenta que até mesmo em setores como o trabalho doméstico, em que é alto o índice de informalidade, o emprego aquecido força a formalização. “Os profissionais passaram a ser disputados pelo setor de comércio e serviços.” Depois de trabalhar três anos como babá e sem carteira, Valéria Souza Soares comemora seu primeiro emprego fichado, conquistado há dois meses no comércio de Belo Horizonte. “Não é fácil conseguir o primeiro emprego. Exigem experiência que o jovem ainda não tem.”
Especialista em mercado de trabalho, o professor de economia do Ibmec João Bonomo ressalta que a criação recorde de vagas contribuiu para a queda da informalidade, mas ainda falta ao país investir na qualificação da força de trabalho. “É preciso melhorar a qualidade das vagas geradas, com postos de maior rendimento.”
Mário Rodarte comenta que até mesmo em setores como o trabalho doméstico, em que é alto o índice de informalidade, o emprego aquecido força a formalização. “Os profissionais passaram a ser disputados pelo setor de comércio e serviços.” Depois de trabalhar três anos como babá e sem carteira, Valéria Souza Soares comemora seu primeiro emprego fichado, conquistado há dois meses no comércio de Belo Horizonte. “Não é fácil conseguir o primeiro emprego. Exigem experiência que o jovem ainda não tem.”
Fonte: Estado de Minas