Centro-Sul tem conforto, mas enfrenta problemas crescentes
Assédio imobiliário é ameaça antiga à preservação do meio ambiente
A região Centro-Sul é a mais rica da capital mineira. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,914, superior a de vários países europeus. Mas, apesar de abrigar bairros nobres da cidade, a regional também tem grandes desafios para o prefeito dos próximos quatro anos. Os moradores da área citam como os maiores problemas: a violência, a falta mobilidade urbana e o desrespeito ao meio ambiente.
Os bairros da regional ficam justamente em vias importantes de saída de Belo Horizonte. As avenidas Raja Gabaglia e Nossa Senhora do Carmo são exemplos. No começo da manhã e no fim da tarde, o cenário é de caos no trânsito.
O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Belvedere, Ricardo Jeha, afirmou que os horários de pico deixam essas vias impraticáveis. "Quando chegam as horas de maior movimento, bairros como o Sion, o Anchieta e o Belvedere, dentre outros, ficam conturbados. Às 17h, você não acha táxi, não consegue sair da BR-356 em nenhum dos pontos. Essa alça que está sendo feita atrás do BH Shopping não vai resolver o problema", afirmou.
A violência na região Centro-Sul também tem tirado a tranquilidade da população. Depois da revitalização da Savassi, o arrombamento de lojas aumentou 30%, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte. No Belvedere, já foram registradas 101 ocorrências policiais neste ano. Sequestros, arrombamentos e assaltos estão entre elas.
"A sensação de insegurança aqui é muito grande. No mês passado, o presidente da associação de comerciantes do bairro foi baleado na cabeça dentro da própria loja. Ele sobreviveu, mas quer passar o ponto. Ele está assustado", contou Jeha.
A presidente da Associação dos moradores do Lourdes, Lúcia Pinheiro, atenta para outro problema comum aos bairros da região: os bares e as casas noturnas. "As pessoas ficam bêbadas e acabam brigando e dirigindo. A gente observa também pessoas estranhas que circulam nas ruas entregando mercadorias. Os bares são pontos em potencial de distribuição de droga", disse.
Ambiente. A área de mineração Lagoa Seca, que fica próxima ao Belvedere, ao Mangabeiras e ao Sion, encerrará suas atividades no ano que vem. A intenção dos moradores é lutar para construir o parque Lagoa Seca, que revitalizará o local degradado. Mas eles terão a concorrência de empreiteiras, que anseiam pela construção de mais prédios de luxo. Ricardo Jeha informou que o empreendimento já tem até nome: Belvedere 4.
A saída encontrada pelas associações de bairros foi a criação de um manifesto para não permitir a verticalização. "A Serra do Curral tem uma faixa de proteção de 1,5 km. A gente tem muito medo de o prefeito que ganhar mudar o zoneamento. Não permitir a verticalização é nossa prioridade", assegurou Jeha.
"O restaurante fecha tarde e fica a sensação de insegurança. O próprio patrão falou que, se tiver uma ou duas mesas com cliente, é para a gente encerrar. Já tivemos colegas de trabalho assaltados", explicou.
A balconista de uma papelaria no mesmo bairro, Prisciely de Oliveira, que mora em Venda Nova, demora três horas para chegar ao trabalho e pede ao próximo prefeito que o transporte público seja melhorado. "São poucas linhas de ônibus e eles demoram muito", reclamou. (GR)