Trem-bala pode chegar a MG

18 de Setembro de 2012
por: Luciane Lisboa

ANTT estuda demanda para implantação de dois trechos

 

O governo federal pretende estender o trem-bala para outros estados, incluindo dois trechos em Minas Gerais. Com implantação confirmada entre Campinas, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está agora realizando estudos de demanda para a criação de uma malha ferroviária de transporte de passageiros por meio de tecnologia de trens de alta velocidade (TAV) para as linhas entre Belo Horizonte-São Paulo, Curitiba-SP e SP-interior paulista-Triângulo Mineiro. No entanto, especialistas em infraestrutura e ferrovias consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO divergem sobre a viabilidade da obra.

Os estudos, conforme a assessoria de comunicação da ANTT, são de responsabilidade do Ministério dos Transportes e ficarão prontos em 2014, após definição do vencedor do leilão do trem-bala para o trecho SP-RJ (previsto para o final do ano que vem) e assinatura do contrato para as obras.

O engenheiro ferroviário da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Afonso Carneiro, explicou que essas linhas adicionais foram incluídas no Plano Nacional de Viação do governo federal e, dessa forma, o governo poderia, potencialmente, fazer tais investimentos. "Os estudos estão sendo feitos exatamente para avaliar se as obras são viáveis", afirma o engenheiro da CBTU, que é ligada ao Ministério das Cidades.

Segundo ele, a opção não se restringe apenas ao trem-bala, já que o estudo pode definir que outro modelo de trem de alta velocidade ou até mesmo de média velocidade venham a ser mais adequados para os trechos. "Tem que se levar em conta várias questões, não só a demanda. O investimento tem que ser competitivo com outros transportes - como o aéreo -, tanto no preço como no tempo gasto no trajeto", ressalta Carneiro.

Ele acredita que a decisão sobre novos projetos do trem-bala só sairá depois que o empreendimento entre São Paulo e Rio sair do papel. "Se for um sucesso pode impulsionar novos investimentos nos demais trechos", observou.


Propaganda - O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, tem opinião divergente da do engenheiro da CBTU. Segundo ele, o anúncio de uma possível ampliação do trem-bala foi feito há poucas semanas do primeiro turno das eleições municipais, o que dá ao projeto um forte teor "eleitoreiro".

"O trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro vem sendo muito criticado em função do preço exorbitante da obra. Só por isso, já acho difícil a inclusão de novos trechos. Além do mais, as cidades citadas são capitais e regiões polo, de interesse estratégico para o governo nas próximas eleições", afirma.

Do ponto de vista da importância da obra, Pires não tem dúvidas da necessidade de investimentos no modal ferroviário brasileiro que, segundo ele, está "abandonado há muitas décadas". No entanto, o diretor do Cbie não considera que o trem-bala seja a melhor opção.

"O modal ferroviário brasileiro precisa ser recuperado. Mais do que passageiros, é preciso investir em trens de cargas, já que Minas é um dos mais importantes corredores logísticos do país. Se as duas coisas acontecerem em conjunto, ótimo. Mas é difícil acreditar nisso", pondera.

A ANTT informou que o governo possui evidências de que há viabilidade comercial para exploração dos trechos de Belo Horizonte, Curitiba, interior de São Paulo e Triângulo. E que os estudos avaliarão a demanda e o tempo da viagem.


Fonte: Diário do Comércio

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