Copasa admite "apagão"
Falhas no serviço são criticadas por engenheiro ambiental da UFMG
A falta de água - que virou rotina para os moradores de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, há cerca de um ano, e se expandiu à capital e pelo menos a outras oito cidades vizinhas, na última semana - pode estar com dias contados, segundo a Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa). Diante do "apagão de água" na região metropolitana - admitido pelo superintendente da Copasa na região metropolitana, Eugênio Álvares de Lima e Silva -, a concessionária anunciou medidas emergenciais para aumentar a capacidade de produção de água em mais de 60 milhões de litros por dia.
Entre as ações, está a inauguração de 21 dos 22 km de tubos de uma adutora para transporte de água, que vão ligar o sistema de água do Rio das Velhas aos sistemas da Bacia do Paraopeba e possibilitar a produção de mais 700 litros de água por segundo. O término da obra, orçada em R$ 300 milhões, foi antecipado em um mês, para outubro.
No sistema de Rio Manso, a Copasa solicitou mais energia para a Cemig e aumentou a produção em mais 350 litros por segundo. "Com mil litros de água por segundo, é possível abastecer uma cidade com 600 mil habitantes", disse Lima e Silva. Ainda dentro do pacote emergencial, foram ampliados os reservatórios da Pampulha e do Jardim Riacho, em Contagem.
Embora a água ainda tenha saído fraca em algumas torneiras de Ibirité ontem, a Copasa afirma que o fornecimento de água já foi normalizado. A empresa explicou que ainda podem ocorrer interrupções pontuais e o reabastecimento dos reservatórios pode levar cerca de três dias, porque é necessário que a água captada no rio passar pelo tratamento.
Calor. De acordo com a Copasa, o "apagão" pode ser justificado pelo calor excessivo e repentino, que levou a população a consumir água exageradamente desde a última quarta-feira - o consumo de água na região passou de uma média de 14 mil para 16 mil litros por segundo.
"Não esperávamos um calor tão intenso. Os reservatórios ficaram vazios", explicou Silva. A Copasa faz uma reserva de água de 30% da quantidade que é distribuída, como todas as grandes cidades, disse ele.
Críticas. Para o engenheiro ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Valter Lúcio de Pádua, a Copasa tem que ter uma boa justificativa para a falta de água porque Minas tem bons mananciais. "Em caso de necessidade, é possível aumentar a barragem para acumular mais água na época de chuva, mas é um investimento alto".
O meteorologista Adelmo Correia, do TempoClima PUC-Minas, disse que as altas temperaturas são normais em setembro. "Tivemos 34,6ºC na semana passada. Em 2011, o dia mais quente registrou 33,8ºC", exemplificou.
Em 2011, a capital e a região metropolitana tiveram 115 dias de estiagem entre abril e outubro. Neste ano, já são 81. (Com Ricardo Vasconcelos)
Fonte: O TEMPO