Ameaça de inundação está represada nas ruas de BH

21 de Setembro de 2012
por: Junia Oliveira e Pedro Ferreira

Com aproximação das chuvas, bocas de lobo entupidas fazem prever mais uma temporada de inundações. Só este ano foram tiradas 1,8 mil toneladas de lixo do sistema de drenagem

 

 

 

Com aproximação das chuvas, bocas de lobo entupidas fazem prever mais uma temporada de inundações ( Tulio Santos/EM/D.A Press)  
Com aproximação das chuvas, bocas de lobo entupidas fazem prever mais uma temporada de inundações


O período chuvoso bate à porta e traz a ameaça que a cada estação de águas preocupa os belo-horizontinos: ruas, avenidas e bueiros estão repletos de folhas caídas das árvores e de lixo jogado pelos mal-educados. Um risco que se concretiza sob a forma de entupimento da rede pluvial e de inundações, nos primeiros temporais que marcam o fim do período de estiagem. Somente este ano, foram retiradas de bocas de lobo de BH mais de 1,8 mil toneladas de lixo carregadas pela força da natureza e pela falta de educação. É o equivalente a cerca de 100 caminhões de coleta. Entre os vilões da sujeira estão folhas, plástico, guimbas de cigarro e terra, que comprometem a capacidade de drenagem dos 60 mil bueiros da cidade.


A Região Centro-Sul é a campeã do recolhimento de resíduos e responde por 25% de tudo que é retirado das grades de bocas de lobo e de dentro das redes pluviais da capital. Por causa disso, é também o local onde os bueiros são limpos mais vezes: 8,4 mil, sendo 4,6 mil somente no interior do perímetro da Avenida do Contorno. Por mês, são feitas 40 mil limpezas de pontos de captação de água em toda a cidade, em um trabalho diário. Mas, em todos os lugares, mal acaba de passar a vassoura dos garis e mais lixo é atirado por cidadãos nas vias públicas, sem qualquer constrangimento.

 
O tamanho da falta de educação pode ser medido em toneladas. Desde 2009, quando a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da capital começou a contabilizar os dados, foram retiradas 13.407,08 toneladas de materiais do sistema de captação de águas. De janeiro a agosto de 2012, foram 1.852,62. O ano passado respondeu pela maior quantidade: 4.910,98 toneladas, quase 20% a mais que em 2010, quando foram recolhidas 3.966,92 toneladas de resíduos.


O problema recorrente ganha mais fôlego ainda em agosto e setembro, meses considerados mais críticos, de acordo com a SLU. Nessa época, há três vezes mais resíduos que em outro períodos. O chefe do Departamento de Limpeza, Wiliam Costa Pereira, explica que dois fatores contribuem para o fenômeno: “Primeiro, as folhas caem muito mais. Limpamos determinado local e, depois de meia hora, o serviço precisa ser refeito.” Como é um período de calor e seca, há muito mais garrafas PET de refrigerantes e água mineral e latinhas pelas ruas. Segundo Pereira, o maior desafio é não ter lixo na rua e manter limpa não só a caixa da boca de lobo, como também a rede pluvial. “Se caixa está limpa mas a rede está entupida, a água não tem vazão”, afirma.

 

 (ARTE EM)  
O entupimento dos bueiros é resultado de uma fórmula bem conhecida: chuvas fortes, combinadas com resíduos que não deixam a água escoar, resultam fatalmente nas enchentes. Com a aproximação do período chuvoso, o trabalho de limpeza é intensificado, com o aumento de pessoal das empresas contratadas pela SLU empenhado na varrição.


Mas o que se vê nas ruas prova que o trabalho não é suficiente. Situação que a faxineira Vanúsia Ferreira Mendes, de 43 anos, conhece bem. Ela trabalha em uma agência de viagens na Rua Cláudio Manoel, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, e gasta mais de 15 minutos limpando a calçada. Em outro ponto da rua, na esquina com a Piauí, além de um tapete de folhas que cobre o passeio, há muito lixo. Sacos de entulho, carcaça de impressora, garrafas de vidro e plásticos vão direto para as galerias fluviais na primeira chuva, caso não sejam recolhidos. “Minha rotina tem sido a mesma: limpar e limpar todos os dias”, diz.


Inundações

Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilo de Oliveira Nascimento explica que se chover mais do que a capacidade para a qual as bocas de lobo estão preparadas os alagamentos são inevitáveis. Eles ocorrem em caso de precipitações mais intensas, nos pontos mais baixos da cidade e onde há grande concentração de água. “Isso ocorre quando a galeria está muito cheia de água, em quantidade maior do que a estrutura é capaz de escoar. O alagamento se forma porque nesses casos a água vai extravasar. Ao mesmo tempo, o volume que está descendo para o fundo do vale não tem como entrar nas galerias, que já estão cheias”, relata. “A água que saiu, ou não entrou, tem que retornar para a galeria. E se os sistemas estiverem entupidos, a inundação dura mais tempo”, acrescenta.

 

Prevenir para não alagar
Como evitar entupimentos de bueiros

» Não jogue lixo ou entulho em vias públicas, córregos, lotes vagos e encostas. Além de poluir a cidade, o lixo carregado pela água entope bocas de lobo e pode provocar enchentes
» Respeite os dias e horários da coleta; evite deixar o lixo na rua por mais tempo que o necessário
» Embale corretamente o lixo, em sacos resistentes, bem fechados e de tamanho adequado, para evitar que se abram e espalhem os resíduos

 

 

Fonte: Estado de Minas

 

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