Analistas descartam novos cortes na Selic
Taxa deve se manter em 7,5%
Brasília - As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) não esperam mais por cortes na taxa básica de juros, a Selic, neste ano. A informação consta do boletim Focus, divulgado ontem pelo BC. Até o boletim divulgado na semana passada, a expectativa era que neste ano ainda seria feito um corte de 0,25 ponto percentual na Selic. Mas, no levantamento publicado ontem pelo BC, a expectativa dos analistas agora é de manutenção dos juros no patamar atual de 7,50% a partir da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o fim de 2013, a projeção para a Selic se manteve em 8,25% ao ano.
Com a economia em ritmo mais lento, a taxa Selic, instrumento para calibrar os preços e influenciar a atividade econômica, tem sido reduzida desde agosto do ano passado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Na ata da última reunião do Copom, entretanto, o colegiado informou que se vier a ocorrer novo corte na Selic será feito com "máxima parcimônia".
No último dia 14, o BC adotou uma outra medida que também gera influências na economia - a redução de depósitos compulsórios (recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC). A estimativa é que essa medida libere, nos próximos meses, em torno de R$ 30 bilhões do estoque atual de R$ 380 bilhões de depósitos compulsórios.
Com mais dinheiro em circulação, a tendência é uma maior oferta de crédito na praça e uma melhor distribuição da liquidez no mercado interbancário.
A pesquisa mostra ainda aumento nas expectativas para o juro médio neste ano de 8,47% para 8,53%. Para 2013, a previsão de Selic média passou de 7,58% para 7,59%. Quatro pesquisas antes, analistas esperavam juro médio de 8,47% em 2012 e de 7,63% no ano que vem.
PIB - A previsão de crescimento da economia brasileira em 2012, que estava em queda há sete semanas seguidas, foi mantida em 1,57%. Há quatro semanas, a projeção estava em 1,73%. Para 2013, a aposta se manteve em 4% pela sétima semana.
A projeção para o desempenho do setor industrial em 2012 continua negativa, mas passou de -1,92% para -1,82%. Para 2013, economistas preveem avanço industrial de 4,25%, mesma projeção da pesquisa anterior. Um mês antes, a pesquisa apontava estimativa de retração de 1,55% neste ano e de expansão de 4,5%, em 2013.
Analistas mantiveram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012 em 35,5%. Para 2013, a projeção passou de 34% para 34,15%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 35,25% e 34% do PIB para cada um dos dois anos.
Inflação - Mesmo com a economia em ritmo mais lento, a expectativa é de alta dos preços. Na expectativa dos analistas, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 5,35%, ante 5,26% previstos na semana passada. Essa foi a 11ª semana seguida de alta na projeção para 2012. Para o próximo ano, a estimativa permanece em 5,5%.
Cabe ao BC, perseguir a meta de inflação que tem como centro 4,5% e margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. As projeções do mercado financeiro estão acima do centro da meta, mas abaixo do limite superior de 6,5%.
A pesquisa do BC aos analistas também traz estimativa para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que segue em 4,37%, neste ano, e passou de 4,83% para 4,8%.
A expectativa para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi ajustada de 8,51% para 8,7%, este ano, e de 5,11% para 5,32%. Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a alteração foi de 8,36% para 8,47%, este ano, e de 5,24% para 5,26%, em 2013.
Dólar - A projeção para a cotação do dólar tanto para o final do ano quanto para 2013 segue em R$ 2. A previsão para o superávit comercial foi ajustada de US$ 18 bilhões para US$ 18,04 bilhões, este ano, e de US$ 14,4 bilhões para US$ 14,48 bilhões, em 2013.
Para o déficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), a estimativa passou de US$ 58,22 bilhões para US$ 57,75 bilhões, este ano, e permanece em US$ 70 bilhões, em 2013.
A expectativa para o investimento estrangeiro direto (IED, recursos que vão para o setor produtivo do país) foi ajustada de US$ 55 bilhões para US$ 56 bilhões, em 2012, e de US$ 58 bilhões para US$ 59,02 bilhões, no próximo ano. (ABr e AE)
Fonte: Diário do Comércio