Após anos de alta, preço de imóvel começa a cair em BH
Especialistas negam redução e acreditam que está havendo é uma estabilização
Os preços dos imóveis em Belo Horizonte estão em queda. Pelo menos isso é o que indica o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e do ZAP Imóveis (FipeZap). O estudo mostra que tanto imóveis novos quanto usados registraram baixa nos valores por três meses consecutivos.
Embora a queda seja pequena, os preços não recuavam desde maio de 2010. Os dados mostram que em agosto o recuo foi de 0,2% na comparação com o mês anterior. Já em julho, foi de 1,2% e em junho, de 0,2%.
No ano, os preços dos imóveis ainda acumulam alta de 6%. Em 12 meses, os preços subiram 9,8%. Mas até os próprios corretores de imóveis concordam que os preços estão "fora da realidade" e, portanto, tendem a cair mais.
Para o corretor Fernando Silva, da imobiliária Padre Eustáquio, a facilidade de acesso ao crédito, além da lei da oferta e da procura, fizeram com que o preço subisse em excesso. "O mercado imobiliário, ao contrário do que a maioria diz, nunca esteve tão ruim", conta.
"Tenho imóveis encalhados há mais de um ano e meio porque os proprietários não concordam com o preço e acabam agregando valor sentimental ao preço final. Isso dificulta nossas vendas", explica o corretor, dizendo que a especulação tomou conta do bairro Padre Eustáquio. "Alguns imóveis aqui têm preço de zona sul, ultrapassando R$ 1 milhão".
"Em alguns casos, se não abaixarmos o preço, não venderemos. Na semana passada, só vendi um apartamento porque tirei R$ 9.000", conta o corretor da Patrimonial, na região de Venda Nova, João Carlos Bicalho.
Estabilidade. Segundo o presidente do Creci-MG, Paulo Tavares, o que há é estabilização. "O mercado teve valorização fora do normal, contando inclusive com uma dose de euforia. Agora as coisas estão voltando ao normal e estamos verificando uma estabilização", diz. "Mas isso não significa queda brusca nos preços. Sem a euforia, o mercado volta ao normal, que é o passo lento", garante.
O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, Kênio de Souza Pereira, também acredita que haverá, sim, um esfriamento no setor. "Não tem como cair demais, pois há inúmeros custos envolvidos, como material de construção e mão de obra. E mesmo se houver uma queda, não será tão rápida. Da mesma forma que levou tempo para subir, se for para reduzir, demorará também". (Com Isis Mota)
Entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2012, os preços subiram 165% na cidade do Rio de Janeiro e 132% em São Paulo, segundo o estudo, contra uma inflação de 25%. Os dados mostram também que, entre agosto de 2010 e fevereiro deste ano, os imóveis tiveram valorização de 36%, índice também superior à inflação do período.
As bolhas de preços são infladas pelo crescimento acelerado da oferta de crédito. E, segundo os pesquisadores, o crescimento do setor habitacional brasileiro foi impulsionado, principalmente, por programas e obras do governo.
Ainda de acordo com o texto, a escalada dos preços dos imóveis tende a ser interrompida ou revertida com a alta dos juros movimento que ainda não começou.
O estudo é assinado pelos economistas Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida. Segundo a assessoria do Ipea, a pesquisa foi realizada de forma independente, e os autores são os únicos responsáveis pelas informações. O instituto não avaliou os dados e não tem posição oficial sobre o assunto. (LM)