Após anos de alta, preço de imóvel começa a cair em BH

01 de Outubro de 2012
por: Letícia Murta

Especialistas negam redução e acreditam que está havendo é uma estabilização

 

Os preços dos imóveis em Belo Horizonte estão em queda. Pelo menos isso é o que indica o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e do ZAP Imóveis (FipeZap). O estudo mostra que tanto imóveis novos quanto usados registraram baixa nos valores por três meses consecutivos.

Embora a queda seja pequena, os preços não recuavam desde maio de 2010. Os dados mostram que em agosto o recuo foi de 0,2% na comparação com o mês anterior. Já em julho, foi de 1,2% e em junho, de 0,2%.

No ano, os preços dos imóveis ainda acumulam alta de 6%. Em 12 meses, os preços subiram 9,8%. Mas até os próprios corretores de imóveis concordam que os preços estão "fora da realidade" e, portanto, tendem a cair mais.

Para o corretor Fernando Silva, da imobiliária Padre Eustáquio, a facilidade de acesso ao crédito, além da lei da oferta e da procura, fizeram com que o preço subisse em excesso. "O mercado imobiliário, ao contrário do que a maioria diz, nunca esteve tão ruim", conta.

"Tenho imóveis encalhados há mais de um ano e meio porque os proprietários não concordam com o preço e acabam agregando valor sentimental ao preço final. Isso dificulta nossas vendas", explica o corretor, dizendo que a especulação tomou conta do bairro Padre Eustáquio. "Alguns imóveis aqui têm preço de zona sul, ultrapassando R$ 1 milhão".

"Em alguns casos, se não abaixarmos o preço, não venderemos. Na semana passada, só vendi um apartamento porque tirei R$ 9.000", conta o corretor da Patrimonial, na região de Venda Nova, João Carlos Bicalho.

 

Estabilidade. Segundo o presidente do Creci-MG, Paulo Tavares, o que há é estabilização. "O mercado teve valorização fora do normal, contando inclusive com uma dose de euforia. Agora as coisas estão voltando ao normal e estamos verificando uma estabilização", diz. "Mas isso não significa queda brusca nos preços. Sem a euforia, o mercado volta ao normal, que é o passo lento", garante.

O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, Kênio de Souza Pereira, também acredita que haverá, sim, um esfriamento no setor. "Não tem como cair demais, pois há inúmeros custos envolvidos, como material de construção e mão de obra. E mesmo se houver uma queda, não será tão rápida. Da mesma forma que levou tempo para subir, se for para reduzir, demorará também". (Com Isis Mota)

 

 

 
Alta incompatível
Estudo indica uma possibilidade de bolha imobiliária
Um estudo conduzido por dois pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra a possibilidade de existência de uma bolha no mercado de imóveis no Brasil. De acordo com o estudo, a alta nos preços dos imóveis é insustentável, por ser incompatível com os movimentos de oferta e procura do mercado.

Entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2012, os preços subiram 165% na cidade do Rio de Janeiro e 132% em São Paulo, segundo o estudo, contra uma inflação de 25%. Os dados mostram também que, entre agosto de 2010 e fevereiro deste ano, os imóveis tiveram valorização de 36%, índice também superior à inflação do período.

As bolhas de preços são infladas pelo crescimento acelerado da oferta de crédito. E, segundo os pesquisadores, o crescimento do setor habitacional brasileiro foi impulsionado, principalmente, por programas e obras do governo.

Ainda de acordo com o texto, a escalada dos preços dos imóveis tende a ser interrompida ou revertida com a alta dos juros – movimento que ainda não começou.

O estudo é assinado pelos economistas Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida. Segundo a assessoria do Ipea, a pesquisa foi realizada de forma independente, e os autores são os únicos responsáveis pelas informações. O instituto não avaliou os dados e não tem posição oficial sobre o assunto. (LM)
Fonte: O TEMPO
 

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