Governo agora mira nos juros que ninguém vê
BRASÍLIA. O governo prepara uma nova investida contra o custo financeiro no país. O foco é o juro que ninguém vê. Estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, feito com base em cruzamento de dados do Banco Central e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, mostra que o consumidor tem consciência de apenas uma pequena parcela do que paga efetivamente de juros.
As famílias desembolsaram R$ 170 bilhões, mas a percepção é de apenas 1,9% desse valor, ou R$ 3,2 bilhões. O estudo tem como referência valores de 2008, ano-base do último levantamento do IBGE.
Auxiliado pela SAE, o Banco Central (BC) analisa alternativas para uma nova legislação que dê transparência ao setor financeiro e, ao mesmo tempo, abra espaço para a criação de produtos voltados para a nova classe média.
Uma ideia sobre a mesa é obrigar lojistas a mostrarem o chamado custo efetivo total (CET) das operações. Ou seja, todas as taxas embutidas nos parcelamentos, mesmo aqueles alardeados como sem juros. E deixar claro o desconto no preço à vista, que deve ser necessariamente menor que o parcelado.
Embora muitos consumidores não percebam, um preço à vista igual ao parcelado significa que o valor à vista está inflado. As instituições financeiras já são obrigadas a dar transparência a essas informações desde 2007.
A diretora de projetos da SAE, Diana Grosner, observa que a invisibilidade dos juros é um problema que atinge todas as classes sociais. "Mesmo a classe alta, com média de 12 anos de estudo, parece que não está conseguindo perceber o que está pagando de juros", afirma Diana.
Fonte: O TEMPO