Terceira idade aproveita oportunidade para montar negócio próprio no país
01 de Outubro de 2012
por: Geórgea Choucair
No Brasil, já há 56,92 mil empreendedores individuais com mais de 60 anos e em Minas eles somam 5,86 mil pessoas que montaram a própria empresa depois da aposentadoria
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Consuelita Souza retornou à máquina de costura e abriu sua Lilita Modas: bom para o bolso e para o bem-estar |
O sonho não tem idade e não poupa esforços. Começar de novo com o próprio negócio depois da aposentadoria significou uma retomada de vida para a costureira Consuelita da Consolação Gomes Souza, de 76 anos. Ela é hoje proprietária de pequena loja de roupas e acessórios femininos no Bairro Coração Eucarístico, em Belo Horizonte. Os modelos vendidos na Lilita Modas (apelido que a família, amigos e clientes deram à costureira) são confeccionados com muita paixão pela própria Consuelita. Antes de sentar na máquina de costura, ela busca inspiração em programas de moda na televisão e nos seus dons da infância, aprendidos com a mãe, Efigênia da Conceição Gomes.
Lilita era costureira na juventude e voltou ao mercado formal depois de ficar muitos anos afastada para cuidar da família. No início, a ideia de ter o negócio próprio surgiu da necessidade de complementar a renda da aposentadoria de apenas um salário mínimo pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mas a costureira ficou surpreendida ao perceber como a volta ao trabalho fez bem para o seu bem-estar. “Sinto-me feliz de trabalhar e alegrar o cliente. Tenho filhos, marido e a loja. Agora, só falta dinheiro para colocar todos os produtos que quero lá dentro”, afirma.
O projeto de montar a loja surgiu depois que o marido teve um acidente e quebrou a perna. Ficou quatro anos em tratamento. “Eu estava morta, mas o trabalho me fez retomar as rédeas da vida. À frente do meu negócio, tenho vontade de viver. Quando você atende a clientela, está sempre conhecendo pessoas novas. Cada uma delas tem um espírito e isso nos incentiva”, observa.
A costureira se une aos 56,92 mil empreendedores individuais do Brasil com mais de 60 anos, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em Minas Gerais, são 5,86 mil que arregaçaram as mangas e foram em busca do próprio negócio e hoje ajudam a rodar a economia do país, como mostra a série que teve início ontem no Estado de Minas. O motivo? Ricardo Pereira, gerente regional da Unidade de Educação e Empreendedorismo do Sebrae, define algumas das características principais dos empresários de maior idade: a busca de um sonho, muitas vezes adiado pela segurança do emprego na juventude; a necessidade de formalizar o negócio ou de dar continuidade à atividade realizada no passado. “O empreendedorismo pode ocorrer em qualquer idade. O que difere é a atitude. A pessoa passa a ter direitos que antes não tinha, como a contribuição à aposentadoria”, afirma.
Lilita era costureira na juventude e voltou ao mercado formal depois de ficar muitos anos afastada para cuidar da família. No início, a ideia de ter o negócio próprio surgiu da necessidade de complementar a renda da aposentadoria de apenas um salário mínimo pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mas a costureira ficou surpreendida ao perceber como a volta ao trabalho fez bem para o seu bem-estar. “Sinto-me feliz de trabalhar e alegrar o cliente. Tenho filhos, marido e a loja. Agora, só falta dinheiro para colocar todos os produtos que quero lá dentro”, afirma.
O projeto de montar a loja surgiu depois que o marido teve um acidente e quebrou a perna. Ficou quatro anos em tratamento. “Eu estava morta, mas o trabalho me fez retomar as rédeas da vida. À frente do meu negócio, tenho vontade de viver. Quando você atende a clientela, está sempre conhecendo pessoas novas. Cada uma delas tem um espírito e isso nos incentiva”, observa.
A costureira se une aos 56,92 mil empreendedores individuais do Brasil com mais de 60 anos, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em Minas Gerais, são 5,86 mil que arregaçaram as mangas e foram em busca do próprio negócio e hoje ajudam a rodar a economia do país, como mostra a série que teve início ontem no Estado de Minas. O motivo? Ricardo Pereira, gerente regional da Unidade de Educação e Empreendedorismo do Sebrae, define algumas das características principais dos empresários de maior idade: a busca de um sonho, muitas vezes adiado pela segurança do emprego na juventude; a necessidade de formalizar o negócio ou de dar continuidade à atividade realizada no passado. “O empreendedorismo pode ocorrer em qualquer idade. O que difere é a atitude. A pessoa passa a ter direitos que antes não tinha, como a contribuição à aposentadoria”, afirma.
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Em seu empório, o engenheiro mecânico Renato Bessa trabalha muito, não tem férias mas nem vê o tempo passar |
Negócio na web
No trabalho da loja, ela conta com a ajuda da filha, Cláudia Souza. A fabricação das roupas é feita durante a noite, depois do horário do expediente, e nos fins de semana. Além da rotina puxada de trabalho (que muitas vezes vai de segunda a segunda, até as 2h), Lilita conta que enfrenta alguns desafios. “Falta capital de giro para comprar tecido e fazer estoque. O crédito que surge para a agente tem juros três vezes maior do que o valor que ganho”, diz.
O negócio de Lilita vai além da loja física. Por meio do site http://blusashorrara.webstorelw.com.br ela divulga e comercializa suas roupas. Ela conta que já vendeu para o Brasil. Já teve clientes do Espírito Santo, da Bahia e de São Paulo. “Estou muito feliz no meu negócio. Quando a pessoa veste a roupa dentro da loja e serve, ela dá até pulos. É muita alegria ver isso”, afirma a nova empresária.
No trabalho da loja, ela conta com a ajuda da filha, Cláudia Souza. A fabricação das roupas é feita durante a noite, depois do horário do expediente, e nos fins de semana. Além da rotina puxada de trabalho (que muitas vezes vai de segunda a segunda, até as 2h), Lilita conta que enfrenta alguns desafios. “Falta capital de giro para comprar tecido e fazer estoque. O crédito que surge para a agente tem juros três vezes maior do que o valor que ganho”, diz.
O negócio de Lilita vai além da loja física. Por meio do site http://blusashorrara.webstorelw.com.br ela divulga e comercializa suas roupas. Ela conta que já vendeu para o Brasil. Já teve clientes do Espírito Santo, da Bahia e de São Paulo. “Estou muito feliz no meu negócio. Quando a pessoa veste a roupa dentro da loja e serve, ela dá até pulos. É muita alegria ver isso”, afirma a nova empresária.
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O pintor Adenir dos Santos deixou de ser autônomo há quatro meses e partiu para a formalização da empresa |
Sonhos realizados
Há três anos, o pequeno empresário Renato Bessa, de 66 anos, não sabe o que são férias. Quando quer descansar, emenda um ou outro dia de folga com o fim de semana e faz uma viagem com a mulher. Ao longo do ano, sua rotina é de muito trabalho desde que montou a Sabores do interior, no Alto Caiçara. O pequeno negócio funciona como empório de queijos, doces, biscoitos, temperos, pimenta e quitutes do interior.
Há três anos, o pequeno empresário Renato Bessa, de 66 anos, não sabe o que são férias. Quando quer descansar, emenda um ou outro dia de folga com o fim de semana e faz uma viagem com a mulher. Ao longo do ano, sua rotina é de muito trabalho desde que montou a Sabores do interior, no Alto Caiçara. O pequeno negócio funciona como empório de queijos, doces, biscoitos, temperos, pimenta e quitutes do interior.
O projeto do próprio negócio de Bessa, que era engenheiro mecânico, é antigo. O sonho foi realizado e trouxe junto muito trabalho. Bessa é o faz-tudo do negócio. Limpa, arruma, negocia e vende. A loja é aberta todos os dias, inclusive nos sábados, domingos e feriados. “Mas estou acostumado com o trabalho, nem vejo o tempo passar. Não me importo de ter poucos dias de férias”, diz.
Bessa é aposentado e recebe um salário de renda. Com o faturmento da Sabores do interior, ele consegue ganhar mais o dobro do valor da aposentadoria e complementar o rendimento. “Mesmo se eu tivesse renda suficiente, continuaria a trabalhar. É uma forma de dar exemplo à juventude, filhos e netos. Sinto-me bem e valorizo as coisas que tenho. Trabalho é motivo de satisfação para mim”, diz. Ele conta que com o empório consegue divulgar e vender também alguns produtos de sua terra natal, Itambacuri, a 430 quilômetros de Belo Horizonte. “Gosto de trazer novidades e valorizar o trabalho do pessoal do interior. Vendo queijo frescal, manteiga, doce de leite e biscoito de nata de lá”, diz.
A experiência profissional costuma pesar a favor do empreendedor de mais idade, avalia Pereira, do Sebrae. “A experiência não precisa ser específica. A pessoa que atuou na área financeira, por exemplo, pode contribuir muito na operação de uma padaria, por exemplo”, observa. Outra vantagem, diz, é o fato de a pessoa mais velha buscar mais a oportunidade do que a necessidade. “Ela tem mais tempo para planejar e buscar a informação. O projeto é feito com uma visão mais duradoura, pois não precisa de resultado no curto prazo. O resultado pode vir como consequência e não busca imediata”, afirma.
Bessa é aposentado e recebe um salário de renda. Com o faturmento da Sabores do interior, ele consegue ganhar mais o dobro do valor da aposentadoria e complementar o rendimento. “Mesmo se eu tivesse renda suficiente, continuaria a trabalhar. É uma forma de dar exemplo à juventude, filhos e netos. Sinto-me bem e valorizo as coisas que tenho. Trabalho é motivo de satisfação para mim”, diz. Ele conta que com o empório consegue divulgar e vender também alguns produtos de sua terra natal, Itambacuri, a 430 quilômetros de Belo Horizonte. “Gosto de trazer novidades e valorizar o trabalho do pessoal do interior. Vendo queijo frescal, manteiga, doce de leite e biscoito de nata de lá”, diz.
A experiência profissional costuma pesar a favor do empreendedor de mais idade, avalia Pereira, do Sebrae. “A experiência não precisa ser específica. A pessoa que atuou na área financeira, por exemplo, pode contribuir muito na operação de uma padaria, por exemplo”, observa. Outra vantagem, diz, é o fato de a pessoa mais velha buscar mais a oportunidade do que a necessidade. “Ela tem mais tempo para planejar e buscar a informação. O projeto é feito com uma visão mais duradoura, pois não precisa de resultado no curto prazo. O resultado pode vir como consequência e não busca imediata”, afirma.
Com CNPJ
O pintor Adenir dos Santos, de 64, deixou de ser autônomo há quatro meses. Ele passou a ter a empresa própria, com CNPJ, emissão de nota fiscal e mais chances de buscar crédito no mercado. Santos sempre buscou contribuir com o INSS como autônomo, mas a aposentadoria não chegou. Ele já vendeu lanches, trabalhou na lavoura, como pintor, pedreiro e encarregado. “E pretendo continuar a trabalhar depois que me aposentar. Trabalho faz parte da vida. Ajuda na saúde e na parte financeira”, diz. Adenir revela que a empresa o ajudou a emitir nota fiscal pelo serviço e pagar valor menor de INSS (como empreendedor paga R$ 36,10 e como autônomo seriam R$ 100).
O volume de empreendedores com mais idade acompanha a tendência de mercado no Brasil, segundo Pereira. Na Grande Belo Horizonte, a População Economicamente Ativa (PEA) com 60 anos ou mais praticamente dobrou de 1996 a 2011. O número passou de 52 mil para 113 mil pessoas, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (Ped), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação João Pinheiro (FJP). “Não fomos treinados para ter o negócio próprio no Brasil. Mas o momento econômico é favorável para as empresas prosperarem”, avalia Pereira.
(GC com Marinella Castro)
O pintor Adenir dos Santos, de 64, deixou de ser autônomo há quatro meses. Ele passou a ter a empresa própria, com CNPJ, emissão de nota fiscal e mais chances de buscar crédito no mercado. Santos sempre buscou contribuir com o INSS como autônomo, mas a aposentadoria não chegou. Ele já vendeu lanches, trabalhou na lavoura, como pintor, pedreiro e encarregado. “E pretendo continuar a trabalhar depois que me aposentar. Trabalho faz parte da vida. Ajuda na saúde e na parte financeira”, diz. Adenir revela que a empresa o ajudou a emitir nota fiscal pelo serviço e pagar valor menor de INSS (como empreendedor paga R$ 36,10 e como autônomo seriam R$ 100).
O volume de empreendedores com mais idade acompanha a tendência de mercado no Brasil, segundo Pereira. Na Grande Belo Horizonte, a População Economicamente Ativa (PEA) com 60 anos ou mais praticamente dobrou de 1996 a 2011. O número passou de 52 mil para 113 mil pessoas, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (Ped), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação João Pinheiro (FJP). “Não fomos treinados para ter o negócio próprio no Brasil. Mas o momento econômico é favorável para as empresas prosperarem”, avalia Pereira.
(GC com Marinella Castro)
Fonte: Estado de Minas