Após surto, hospital é periciado
Só dados internos serão analisados; não haverá coleta de materiais de pacientes
Uma semana após a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmar o surto da superbactéria KPC no Hospital Regional de Betim, na região metropolitana, a prefeitura iniciou uma perícia no centro de saúde. O laudo foi solicitado pelo órgão à Sociedade Mineira de Infectologia, na última sexta-feira, e deve ser concluído ainda hoje, quando também está marcada uma reunião entre Estado e município para definir ações emergenciais de controle da contaminação.
A superbactéria KPC, que é resistente à maior parte dos antibióticos, já atingiu pelo menos 22 pacientes no hospital neste ano, de acordo com a SES. Mesmo com os números, que segundo o Estado caracterizam um surto, a Prefeitura de Betim trata os casos como "habituais".
Como é feita. O vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, explicou que o laudo vai apontar a dimensão do problema. "Ter a bactéria é esperado. O que precisamos saber é se a contaminação extrapolou o limite epidemiológico da unidade, ou seja, a margem habitual de casos", disse.
O estudo está sendo feito com base nos relatórios dos últimos 12 meses da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Regional, que tem o dever de acompanhar e registrar todos os casos de infecção ou colonização (quando o paciente adquire a bactéria, mas não manifesta sintomas). Segundo Starling, nesse primeiro momento da perícia, não haverá coleta de material em pacientes para análise nem averiguação da estrutura do hospital. "Com base nos dados, vamos avaliar se as medidas de controle de infecções são suficientes", completou.
O infectologista Estevão Urbano afirmou que o mais importante em casos de proliferação é analisar se o hospital tem uma comissão atuante. "Todo centro de saúde de grande porte já teve ou terá bactérias multirresistentes. O perigo é quando a equipe responsável por essa área não consegue detectar o surto", declarou Urbano. Um dos meios de apuração, segundo ele, é a realização de exame em pacientes de alas com suspeita de contágio.
Fonte: O TEMPO