Área de serviços segue em expansão

03 de Outubro de 2012

Brasília - O brasileiro melhorou de renda, ampliou gastos no setor de serviços e agora vai querer manter e aumentar suas conquistas. Apesar da expectativa de um crescimento mais alinhado com outros setores, os serviços vão continuar expandindo acima da média na comparação com outras áreas da economia. Na avaliação de especialistas, além dos serviços mais óbvios que seguem com alta demanda, como educação e internet, puxam a expansão desse setor gastos tidos como supérfluos, como ir a restaurantes, viajar de avião e se embelezar.

"O turismo vai continuar crescendo. No ano passado, 7,5 milhões de pessoas viajaram pela primeira vez de avião. As pessoas brincam ‘quero ver na Copa’, mas eu digo quero ver quando a classe C consumir mais. Ainda tem muita gente que não viajou de avião, e quando o fizer, não vai nunca mais querer pisar em um ônibus", disse Renato Meirelles, sócio diretor do Instituto Data Popular.

Segundo pesquisa da entidade, o gasto da classe média com despesas tidas como desnecessárias, como cabeleireiro e manicure, ocupa a segunda maior fatia entre desembolsos com serviços, atrás apenas de manutenção do lar. Da renda total da classe média, 22,6% é alocado nesses serviços. Já na classe baixa, esse gasto também é o segundo maior, consumindo 12,8% da renda dessas famílias.

No caso dos serviços de beleza, essa nova classe média não vê esse gasto como uma futilidade, mas sim como um investimento, comportamento que mudou com a maior participação da mulher no mercado de trabalho.

"As mulheres estão no mercado de trabalho e querem consumir serviços de beleza não só pela vaidade. Elas querem se dar melhor no emprego, e veem que a beleza pode ajudar em áreas de atendimento. Ela vai se dar melhor se estiver com o cabelo legal, estiver bem, maquiada. bem menos óbvio, os homens não entendem. Não é luxo: para elas, esmalte devia estar na cesta básica", disse Meirelles.

"Para mulher, salão de beleza não é supérfluo. Elas preferem gastar menos com comida mas não deixam de gastar com beleza", disse o presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese.

Nese avalia que os serviços que mais devem crescer, acima do crescimento da economia em geral, são os ligados à tecnologia, como os de telefonia. Além disso, o executivo acredita que lazer para a família, como turismo e comer fora de casa, terá crescimento acentuado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o setor de serviços de alimentação faturou R$ 235 bilhões em 2011, crescimento de 16% em relação a 2010. Neste ano, o setor deve manter expansão acima de 12%, diz a Abia.

Os serviços financeiros também devem crescer acima da média da economia, segundo a projeção da CNS. "Acho que com a pressão que a presidente Dilma Rousseff fez pela redução dos juros, e agora reduzindo a taxa do cartão de crédito, pode dar uma condição melhor para quem contrata esses serviços. As pessoas podem usar mais serviços, mas cartão de crédito. Elas podem se ver mais dispostas a gastar mais, com menos juros", diz o presidente da entidade.

A CNS estima que o setor de Serviços irá seguir crescendo descolado do resto da economia este ano. A entidade prevê expansão de 3% do setor de serviços, ao passo que a projeção de crescimento do PIB do país este ano, segundo o Banco Central (BC) será de 1,6%.

Porém, todo esse frenesi pelo consumo de serviços tem um preço, que com certeza é mais alto. A inflação do setor preocupa. Segundo o IBGE, a inflação de serviços, medida pelo IPCA, acelerou 0,49% em agosto ante julho, ao passo que a inflação total subiu 0,41%. Em 12 meses, enquanto a inflação total subiu 5,24%, em serviços essa elevação acumulada é de 8,78%.

Meirelles também alerta para a pressão inflacionária que o maior consumo de serviços tem. "No setor de bens, você controla oferta e procura com importação. Mas para serviços não tem isso. Como vamos importar chineses para cortar cabelos? O governo tem de se preocupar com a carga tributária do setor, e ter um processo de treinamento da mão de obra capaz de prestar esses serviços".

Crescendo acima da economia, o setor de serviços também tem geração de vagas de emprego acima dos outros setores. Segundo dados do Cadastro Geral de empregados e Desempregados (Caged) de agosto, divulgado pelo Ministério do Trabalho, dos 100,9 mil postos de trabalho formais criados 54.323 foram em serviços. Dentro do setor, o ensino criou 22.926 postos, serviços de alojamento e alimentação criaram 11.352 postos, e transportes e comunicações gerou 2.582 vagas.

"O setor de Serviços está acontecendo. (a geração de vagas) Não compensou tudo que a indústria perdeu, mas compensou uma boa parte. A tendência é continuar crescendo. A indústria não deve recuperar o nível de emprego que tinha".

Além disso, o crescimento dos serviços cria um ciclo virtuoso, em especial para a classe média, que também concentra os micro e pequenos empresários Ú muitos deles, atuando em prestação de serviços. (AG)

 

Fonte: Diário do Comércio

 

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