Bancos elevam tarifas para compensar perdas com juros

04 de Outubro de 2012
por: Juliana Gontijo

Especialista diz que muitos clientes pagam sem saber do que se trata

 

Para compensar a perda de receita com a redução dos juros, indiretamente forçada pelo governo federal, os bancos estão aumentando o valor das tarifas de diversos serviços prestados aos seus clientes. As modalidades menos conhecidos e propagadas estão na liderança desse reajuste. Uma delas, as operações manuais de câmbio para pessoa física, chegaram a ficar 193,07% mais caras em outubro na comparação com janeiro.

Já a emissão e carga de moeda estrangeira (venda) na modalidade de cartão pré-pago entre os bancos privados e públicos, por exemplo, custa atualmente, na média das instituições, R$ 53,72. Em janeiro deste ano, o valor era bem menor, R$ 18,33. E tanto para o cartão pré-pago como para o cheque de viagem, o serviço total pode chegar a R$ 300 para quem vai viajar para fora do país.

O fornecimento de extrato mensal através de correspondentes bancários também registrou forte aumento. A alta foi de 49,5%, passando de uma média de R$ 2,48 para R$ 3,71. Os dados das tarifas são informados pelas instituições financeiras ao Banco Central. A comparação foi realizada entre as tarifas disponíveis nos dias 2 de janeiro e 03 de outubro deste ano no segmento pessoa física.

O Banco do Brasil foi o segundo banco de varejo que reajustou mais tarifas desde janeiro, atrás apenas do Bradesco. De 42 tarifas, oito delas aumentaram e uma diminuiu. O argumento apresentado pela instituição ao Ministério da Fazenda é de que foi uma reposição tarifária, porque a instituição manteve as tarifas bancárias inalteradas entre 2008 e 2011.

Entre os privados, o levantamento mostra que a maior expansão no período foi de 36,4% do Santander. No Itaú, a média foi de 16,7% e, no Bradesco, 18,8%. O Santander não comentou, mas Itaú e Bradesco atribuíram as altas ao maior número de negócios.

A coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, ressalta que o aumento das tarifas pode ser uma forma de os bancos compensarem a perda de receita com a redução dos juros, que vem acontecendo deste abril.

Embora mais pesadas para o bolso do cliente do banco, Maria Inês observa que poucas pessoas que utilizam e pagam pelas serviços bancários conhecem efetivamente esses custos. "É importante que cada pessoa analise o seu perfil de gastos com o banco. Veja suas necessidades. Em muitos casos, é possível trocar por um pacote mais em conta ou até mesmo para o básico, que engloba serviços gratuitos. Algumas pessoas só ficam atentas aos juros e
esquecem de avaliar as tarifas que são cobradas", observa.

Ela frisa que todo cliente tem direito a um pacote básico de serviços gratuitos que, muitas vezes, não é oferecido pelo gerente, mas que pode significar uma boa economia. Nesse caso, o correntista tem direito a cartão de débito e a quatro saques, dois extratos, dez folhas de cheque e duas transferências por mês entre contas do mesmo banco, além das consultas na internet, sem pagar nada.  (Com agências)
Governo está de olho nos abusos
São Paulo. As notícias de que os bancos podem ter elevado as tarifas sobre produtos e serviços não só incomodaram os consumidores, mas também a presidente Dilma Rousseff e desencadearam uma ofensiva no governo para reverter o movimento. Depois de forçar a queda dos juros e as taxas de administração dos fundos de investimento, a mesma estratégia será usada para levar os concorrentes privados a rever tarifas.

O Banco do Brasil recebeu ordens do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para reduzir as sete tarifas que foram reajustadas no início do ano. Conforme fontes do governo, a avaliação do ministro é que o aumento das tarifas representa pouco para o resultado do Banco do Brasil, mas foi um sinal negativo para o mercado.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, também está de olho e pode lançar alguma medida restritiva ainda neste ano.
Fonte: O TEMPO

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