Web no Brasil é para ricos e cultos, diz especialista

05 de Outubro de 2012
por: Ana Paula Pedrosa

Celular ajuda a democratizar uso, mas acesso ainda é concentrado

 

Apesar do crescente número de brasileiros com acesso à internet, o uso da web no país ainda está longe de ser universal ou democrático. "A internet no Brasil é para ricos e cultos", disse ontem o gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), Alexandre Barbosa. Ele esteve em Belo Horizonte para uma palestra na Fundação João Pinheiro (FJP). O Cetic.br é um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br)o órgão responsável pelas estatísticas oficiais da internet no Brasil.

Ele explicou que as áreas mais pobres do país, o Norte e o Nordeste, ainda estão à margem da universalização. Mesmo nos Estados do Centro-Sul, o uso de internet só tem níveis que podem ser comparados aos países desenvolvidos nas capitais e seu entorno. Nas áreas rurais, o acesso é bastante restrito.

No ano passado, 38% dos domicílios brasileiros tinham acesso à internet. Na Europa, a média é de 73%. Nas grandes cidades, o percentual é de 43% e cai para 10% nas áreas rurais. A maioria dos acessos (72%) é feito por banda larga fixa.

Barbosa disse que as pesquisas do Nic.br indicam que o preço alto é o maior obstáculo à popularização da internet no país. Por isso, o acesso à web via celular vem crescendo. Enquanto apenas 22% dos usuários de internet fixa pagam até R$ 40 por mês, no celular é possível pagar R$ 0,50 por dia, somente quanto usar (R$ 15 para quem usa todos os dias do mês), e ter acesso ilimitado. Barbosa, que é de São Paulo, até brincou que ia reclamar com a sua operadora de celular sobre o preço cobrado para acessos a partir de telefones pós-pagos (de conta). "No pré-pago está muito mais barato, custa poucos centavos", disse.

Em 2008, apenas 6% dos usuários de celulares acessavam a internet a usando seus aparelhos. No ano passado, o percentual subiu para 17%. Mas, mesmo com a queda de preços, o acesso ainda está concentrado na camada mais rica da população: 46% dos proprietários de celular da classe A navegam na web, enquanto na classe C o percentual é de 16%. Na Europa, a média geral de acesso via celular é de 49%.

 

 

Fonte: O TEMPO

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