Jovem com superbactéria morre vítima de infecção

10 de Outubro de 2012
por: Luciene Câmara

Rapaz foi internado no hospital após ser baleado e se contaminou no CTI

 

Após três meses internado no Hospital Regional de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, o servente de pedreiro Diogo Herculano Santos de Almeida, 19, morreu na tarde da última segunda-feira. Ele foi um dos pacientes atingidos pelo surto da superbactéria KPC - resistente à maior parte dos antibióticos, que já matou pelo menos oito pacientes na unidade, segundo laudo oficial. No atestado de óbito do jovem, a causa da morte é descrita como sepse, que, segundo especialistas, é uma infecção na corrente sanguínea, provocada por micro-organismos.

O rapaz deu entrada no hospital em julho, depois de levar cinco tiros no abdômen durante uma discussão em uma festa. Ele passou 42 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI) para se recuperar dos ferimentos e saiu de lá com o diagnóstico de KPC. Na clínica médica, Almeida ficou em um quarto isolado com outros pacientes que também tiveram contato com bactérias multirresistentes. A reportagem de O TEMPO chegou a fotografar o aviso sobre seu leito, que alertava sobre o risco de contaminação.

"Os médicos confirmaram que ele tinha a bactéria, mas sempre diziam que ele estava se recuperando, que ficaria bom e retornaria para casa", contou a irmã do paciente, Diana Vitória Herculano Santos de Almeida, 17. Segundo ela, nem os profissionais do hospital queriam fazer curativos no jovem por conta do risco de infecção. "Eu é que dava banho, comida e tratava as feridas", disse.

No último sábado, o servente teve a primeira parada cardíaca. "Demorei dez minutos para conseguir achar um médico dentro do hospital para socorrer meu irmão", relatou Diego Herculano Santos de Almeida, 21. Nos dois dias seguintes, o paciente teve mais três paradas cardiorrespiratórias e, na última, não resistiu.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Marcos Antônio Cyrillo, a parada cardíaca é o resultado final do quadro infeccioso. "A bactéria multirresistente pode levar à infecção grave, que leva à falência do coração", explicou o médico.

O infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Unaí Tupinambá confirma que a infecção pode causar problemas no coração. "Esse quadro leva à arritmia e à parada cardíaca", afirmou.

Na semana passada, O TEMPO trouxe denúncia de uma médica do hospital, que disse ter acompanhado cerca de 30 mortes neste ano decorrentes da KPC. No entanto, a bactéria, citada nos prontuários, não aparece nos atestados de óbitos.
 

 

Fonte:  O TEMPO

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