Copom reduz os juros para os mais baixos da história
Dividido, BC reduz Selic para 7,25% ao ano no décimo corte consecutivo
SÃO PAULO. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou ontem a redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. Com a decisão, a taxa caiu de 7,5% para 7,25% ao ano e bate o quarto recorde consecutivo de baixa - o menor patamar da série histórica que foi iniciada em 1986.
Este é o décimo corte seguido da Selic, em uma trajetória de declínio que teve início há mais de um ano - em agosto de 2011, quando foi reduzida de 12,5% para 12%. Desde então, o BC tem decidido pela redução de 0,5 ponto percentual a cada nova reunião, com exceção da decisão tomada em março, quando o Copom cortou 0,75 ponto percentual, e da reunião de ontem. O corte contraria a estimativa do último relatório Focus, feito pelo BC a partir de consultas a instituições financeiras.
Nesta semana, a previsão divulgada era de que a Selic deve terminar 2012 com a taxa em 7,50%. No entanto, as projeções de analistas apontavam para uma queda de 0,25%.
Essa falta de consenso nas previsões reflete o dilema que o BC enfrenta. Com a inflação dando sinais de alta, o desafio é não estourar a meta do governo, de 4,5% (com teto de 6,5%), em um cenário de alta dos preços, mas com a atividade baixa e precisando de estímulos ao consumo. A taxa de juros é um dos principais instrumentos de controle dos preços no país. Em tese, baixando os juros, estimula-se o consumo em razão do alívio no preço dos produtos e serviços. No acumulado dos 12 meses, encerrados em setembro, a inflação soma alta de 5,28%.
Para Claudemir Galvani, professor de Economia da PUC-SP e diretor da Metha Consultoria, a decisão do Copom ocorreu como o mercado esperava. "Ainda há espaço para que a Selic caia a 0,5%. Mas, tendo em vista que a inflação subiu em setembro, o BC evita dar a cara para bater e fez uma redução mais tímida de 0,25%. A decisão do comitê, neste momento, deve ter levado em consideração a repercussão da imprensa e do mercado, por isso cortaram menos", afirma Galvani.
Poupança. Com a redução da Selic, o rendimento das novas poupanças volta a cair a partir de hoje devido a nova regra para o investimento, anunciada em maio. A medida determina que com a taxa básica de juros abaixo de 8,5%, um gatilho será acionado e as novas cadernetas de poupança e novos depósitos terão seus rendimentos calculados com base em 70% da Selic, acrescidos da TR (Taxa Referencial, que não muda).
Fonte: O TEMPO